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Descalibrado
Dado o bombardeio de informações sobre quem lê jornal, ouve rádio, vê TV e/ou navega na
internet, uma das vantagens específicas que a mídia impressa
oferece é a hierarquização explícita das notícias, na qual o leitor,
por menos que se dê conta disso,
confia quase cegamente.
Exemplos da semana indicam,
porém, que a Folha derrapou
nesse quesito.
A seleção brasileira ganhou
domingo passado a Copa do
Mundo de vôlei masculino. A
notícia, na segunda-feira, recebeu uma foto na capa do jornal,
sob material bem maior da conquista antecipada do Campeonato Brasileiro pelo Cruzeiro.
Em Esporte, havia apenas um
texto noticioso, sem imagem,
além da coluna semanal sobre a
modalidade. Menos do que o
merecido, acredito, para o feito
(uma "campanha histórica", como dizia o próprio texto, com o
Brasil saindo vitorioso das 11
partidas que disputou).
Na terça, outro desequilíbrio,
em sentido inverso: o jornal dedicou o alto de uma página, em
Brasil, para declarações de Lula
no programa "Café com o Presidente" que não traziam, a rigor,
nenhuma novidade.
Já na quinta, ao contrário, a
notícia de que a Comissão de
Constituição e Justiça do Senado
aprovara o polêmico Estatuto do
Desarmamento (manchete, por
exemplo, no jornal "O Globo", o
que me pareceu um exagero, como observei em crítica interna)
foi tratada apenas numa nota
"Panorâmica", ao pé de uma página em Cotidiano.
Embora, em tais casos, as soluções não possam ser achadas como na aritmética, houve, creio,
flagrante incoerência - a qual
não passou despercebida por leitores que reclamaram dessa
questionável hierarquização.
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