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Cadê o "erramos'?
Quando o assunto é transparência, a Folha gosta de citar o "erramos" como sinal de sua disposição para assumir falhas publicamente e sem subterfúgios. De fato,
os poucos concorrentes que criaram algo semelhante à seção da
página 3 fazem uso bem mais tímido de seu espaço para correções.
Mas não há tanto a comemorar.
Vira-e-mexe, informações contestadas escapam do "erramos" sem
motivo aparente. A edição de domingo passado trouxe bom exemplo na carta que abriu o "Painel
do Leitor".
Na mensagem, um assessor do
padre Marcelo Rossi sustentou
que não existe "nenhum fundamento" na notícia de que ele comprou um automóvel BMW para
seu pai, veiculada na coluna de
Barbara Gancia em 29 de março.
O caso é simples. Para avaliá-lo,
tanto faz ser contra ou a favor do
padre-cantor, de suas showmissas
e do movimento da Renovação
Carismática.
Basta entender que o jornal publicou uma nota cujo sentido era
indicar riqueza do bem-sucedido
religioso. A parte atingida afirma
que a nota é falsa. Ou o jornal sustenta a informação, esclarecendo
de onde a tirou, ou se retrata.
Nenhuma das duas coisas foi
feita. Pelo que entendi, a primeira
opção era pouco viável. Apresentada como fato, sem qualquer tipo
de ressalva, a história do BMW
circulara antes em uma espécie de
telefone sem fio que incluiu um
programa de auditório e outras
fontes de credibilidade duvidosa.
De acordo com Paula Cesarino
Costa, secretária de Redação, a
carta saiu no domingo para garantir a rápida expressão do "outro lado". Não foi acompanhada
de "erramos", nem de nota respaldando a informação, porque a
Folha ainda apura o caso. Se comprovado o erro, a retificação será
dada, afirma a jornalista.
Pelo menos isso. Vale registrar
que estamos diante de um método
revolucionário de investigação
jornalística. Primeiro a notícia
sai; depois o jornal verifica se ela
procede.
Episódios como esse reforçam a
impressão, frequentemente manifestada por leitores, de que a seção
da página 3 omite erros graúdos,
concentrando-se em itens como a
imprevista mudança de programação da emissora X ou o reconhecimento de que Santa Cruz de
la Sierra não fica no litoral, posto
que não há litoral na Bolívia.
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