São Paulo, domingo, 09 de abril de 2000


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Cadê o "erramos'?

Quando o assunto é transparência, a Folha gosta de citar o "erramos" como sinal de sua disposição para assumir falhas publicamente e sem subterfúgios. De fato, os poucos concorrentes que criaram algo semelhante à seção da página 3 fazem uso bem mais tímido de seu espaço para correções.
Mas não há tanto a comemorar. Vira-e-mexe, informações contestadas escapam do "erramos" sem motivo aparente. A edição de domingo passado trouxe bom exemplo na carta que abriu o "Painel do Leitor".
Na mensagem, um assessor do padre Marcelo Rossi sustentou que não existe "nenhum fundamento" na notícia de que ele comprou um automóvel BMW para seu pai, veiculada na coluna de Barbara Gancia em 29 de março.
O caso é simples. Para avaliá-lo, tanto faz ser contra ou a favor do padre-cantor, de suas showmissas e do movimento da Renovação Carismática.
Basta entender que o jornal publicou uma nota cujo sentido era indicar riqueza do bem-sucedido religioso. A parte atingida afirma que a nota é falsa. Ou o jornal sustenta a informação, esclarecendo de onde a tirou, ou se retrata.
Nenhuma das duas coisas foi feita. Pelo que entendi, a primeira opção era pouco viável. Apresentada como fato, sem qualquer tipo de ressalva, a história do BMW circulara antes em uma espécie de telefone sem fio que incluiu um programa de auditório e outras fontes de credibilidade duvidosa.
De acordo com Paula Cesarino Costa, secretária de Redação, a carta saiu no domingo para garantir a rápida expressão do "outro lado". Não foi acompanhada de "erramos", nem de nota respaldando a informação, porque a Folha ainda apura o caso. Se comprovado o erro, a retificação será dada, afirma a jornalista.
Pelo menos isso. Vale registrar que estamos diante de um método revolucionário de investigação jornalística. Primeiro a notícia sai; depois o jornal verifica se ela procede.
Episódios como esse reforçam a impressão, frequentemente manifestada por leitores, de que a seção da página 3 omite erros graúdos, concentrando-se em itens como a imprevista mudança de programação da emissora X ou o reconhecimento de que Santa Cruz de la Sierra não fica no litoral, posto que não há litoral na Bolívia.


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