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"Olhar brasileiro"
Mandei ao repórter Sérgio
Dávila, enviado especial a
Bagdá, perguntas sobre o seu
trabalho. As respostas, a seguir, ilustram as condições
dessa cobertura e um pouco de
seus "bastidores":
Pergunta - Qual a maior lição de investigação jornalística tirada nesses dias?
Sérgio Dávila - Não vale a
pena se pautar pelos limites
impostos por uma situação
(neste caso, a tentativa de controle do governo iraquiano),
mas sim tentar se pautar apesar desses limites.
Pergunta - Como é a relação com os outros correspondentes?
Dávila - O jornalista não é o
profissional mais unido e gregário do mundo, nem em
guerra. Acho que é da natureza da profissão, cujo moto é a
busca da informação exclusiva (que não pode ser compartilhada). Mas até que há certa
solidariedade, pelo menos em
questões de segurança.
Pergunta - Qual é sua prioridade numa cobertura que
já tem tantas agências e TVs?
Dávila - Dar o olhar brasileiro, e portanto exclusivo, a um
assunto que já vinha sendo
exaustivamente coberto.
Pergunta - Como se expressa a pressão da guerra de informações? Como você se previne para não ser manipulado pelo seu jogo?
Dávila - Ambos os lados desqualificam as informações do
outro lado o tempo todo, muitas vezes com argumentos bem
embasados. O jeito que tenho
achado é ouvir o que diz o governo iraquiano, contrapor ao
que dizem seus críticos (EUA e
Reino Unido, mas também
iraquianos mais corajosos) e
tentar achar um mínimo de
verdade no meio disso.
Pergunta - Você revelou o
caso de um ferido "hospitalizado" que saiu de carro logo
após uma coletiva e também,
com foto de Juca Varella, que
um prédio oficial fora atingido por um míssil, fato omitido pelo governo iraquiano.
Como conseguiu isso?
Dávila - Fomos levados ao
hospital pelo governo, que monitorou a visita. Na hora de ir
embora, nós dois atrasamos,
até perder o ônibus. Com isso,
acabamos podendo agir livremente até que alguém desse
por nossa falta. No segundo
caso, contamos com a ajuda
do nosso motorista, um dos
iraquianos corajosos de que
falei antes. Ele é bem pago por
nós, sim, mas também não
tem medo de fugir um pouco
do esquema oficial.
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