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VALDO CRUZ
Em nome de Palocci
BRASÍLIA - Crescimento zero, desemprego recorde, deflação. Uma safra
de notícias ruins colhida pelo governo Lula no final da semana passada,
quando já começava a respirar aliviado com o arrefecimento dos ataques aos juros altos.
Resultado: não deu nem para recuperar o fôlego. Uma nova saraivada
de críticas, de dentro e de fora do PT,
de empresários e trabalhadores, foi
disparada contra a política econômica do ministro Antonio Palocci Filho.
A imagem do ministro, porém, não
saiu tão arranhada assim. Os ataques diretos a Palocci continuam vindo dos radicais. As demais críticas visam mais a política econômica, mas
preservam seu condutor.
Em um grupo da sociedade, pelo
menos, trata-se de caso pensado.
Grandes empresários e caciques da
oposição orientam reservadamente
seus aliados a poupar a figura do ministro da Fazenda.
Pedido nesse sentido já foi passado
por empresários a líderes do PFL no
Congresso. Era mais forte no início
do governo. Hoje continua sendo feito, apesar de agora vir acompanhado
da ressalva de que já não estão tão felizes assim com Palocci.
Ou seja, o clima não é mais aquele
de lua-de-mel com o chefe da equipe
econômica de Lula. Mas prevalece a
tese do "ruim com ele, muito pior sem
ele". Então, nada de críticas que possam desestabilizá-lo.
No ninho tucano, um defensor da
tese pró-Palocci é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Sua recomendação é nem elogiá-lo demais
nem exagerar nos ataques a ponto de
minar sua credibilidade.
A avaliação no PSDB, por sinal, é
que Palocci está virando a âncora do
governo Lula. Está começando a ficar
com cara de insubstituível. Sua demissão representaria um estouro na
cotação do dólar.
Não sei a opinião do ministro sobre
esses "apoios". Têm sua importância,
não há dúvidas. Mas hoje são mais
fruto do medo do que pode vir pela
frente. Convenhamos, não é lá grande coisa para comemorar.
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