São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES A atuação de Lair contra a Aids ADIB D. JATENE
O programa de combate e controle da Aids do Ministério da
Saúde recebeu reconhecimento internacional como o mais avançado de todo
o mundo.
Em março de 1995, Lair interferiu para que fosse editada a portaria ministerial nº 21, regulamentando a compra e a distribuição de medicamentos para o tratamento da HIV/Aids. Em 1996, Lair procurou-me para comunicar a convocação da primeira Reunião de Consenso, com a participação de 60 especialistas em infectologia e DSTs. Esse evento, de dois dias, em Brasília, resultou em proposta de se disponibilizar a todos os portadores da Aids o coquetel de medicamentos capaz de controlar os sintomas e permitir sobrevida longa, mantendo suas atividades profissionais. Essa proposta, que honra a comunidade científica brasileira, emitida pela primeira vez em todo o mundo, foi levada por Lair à 7ª Conferência Internacional sobre Aids, realizada em Vancouver (Canadá). Sensibilizado com o problema, José Sarney, então presidente do Senado, apresentou e conseguiu aprovar, contra a opinião de alguns setores do governo, a lei 9313/ 96, regulamentada pela portaria ministerial 2334/96. Dessa forma, o ministério ficou legalmente autorizado a disponibilizar gratuitamente os medicamentos específicos aos portadores de Aids. Assim, o Brasil se tornou o primeiro país a abordar a doença não apenas nos aspectos educativo e preventivo, mas também oferecendo o tratamento mais eficaz de forma universal e gratuita. Após o acidente, afastada Lair, o programa, graças a Pedro Chequer e aos que se seguiram, manteve a mesma diretiva com total apoio dos ministros que se sucederam. A atitude de José Serra, enfrentando os laboratórios internacionais e ameaçando com a quebra de patentes para adequar o custo dos medicamentos, faz parte da luta para manter a orientação que vem sendo construída no SUS. A manifestação do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV/Aids) considerando o programa brasileiro o mais avançado do mundo consagra não só o Ministério da Saúde, mas também a determinação com que o problema foi abordado. Ressalte-se que o Brasil, de forma pioneira, e o Canadá são os únicos países que oferecem gratuitamente os medicamentos a todos os portadores da doença. Neste Dia Mundial de Luta Contra a Aids, o nome de Lair deve ser exaltado porque foi sua capacidade de propor, sua coragem de defender e sua eficiência em executar que nos colocaram na direção correta, consolidada por tantos que, com competência e dedicação, mantiveram as ações em crescendo, garantindo, em área tão sensível, o reconhecimento de uma liderança que partiu de Lair. Hoje, ainda com alguma sequela do acidente, recebe, por meu intermédio, o reconhecimento de todos os que acompanharam, aplaudiram e não se esquecem de sua atuação. Adib D. Jatene, 73, cardiologista, é professor aposentado da Faculdade de Medicina da USP e diretor-geral do Hospital do Coração. Foi ministro da Saúde (governos Collor e FHC) e secretário da Saúde do Estado de SP (governo Maluf) Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Vicente Amato Neto e Jacyr Pasternak: Aids: presente, passado e futuro Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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