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ELIANE CANTANHÊDE
Guerra é guerra
BRASÍLIA - "Discurso" de um paulistano de classe média, na quinta-feira, ao tomar café da manhã numa
padaria do aprazível bairro de Higienópolis: "Esses tucanos são uns bananas. Os caras tentaram empurrar o
Fernandinho Beira-Mar para Brasília, para todo o canto, e até para o
Acre. E nem lá aceitaram o Beira-Mar. Mas o Alckmin quis ser bonzinho. Isso aqui vai acabar igualzinho
ao Rio".
Ledo engano. Já está tudo "igualzinho". O Rio é a ponta mais visível,
mas o problema é nacional, até com
rodízio de bandidos sanguinários entre governadores. Rosinha Matheus
manda o dela para Alckmin, que despacha o seu para Germano Rigotto
(RS), que embarca o dele para, quem
sabe, Jorge Viana (AC). E o crime
continua na folia, rindo da cara de
todo mundo. Inclusive da nossa.
É bem verdade que Lula destacou o
trator José Dirceu para pessoalmente
botar o dedo do governo federal na
ferida do Rio e do Espírito Santo (o
governador Hartung, aliás, mandou
o "seu" bandidão para o Acre). Já há
3.000 homens do Exército no Rio para o Carnaval, e o ministro Márcio
Thomaz Bastos (Justiça) anuncia
cinco novos presídios federais.
O Planalto agiu rápido, e os governadores estão se entendendo. São
ações de emergência e parecem um
bom começo. O que se espera, agora,
são medidas estratégicas e duradouras contra a violência e a crise de autoridade que se espalham assustadoramente pelo país inteiro.
Desbaratar as quadrilhas, desarmar os bandidos, prender quem lhes
vende as armas, reestruturar as polícias e reeducar os policiais são necessidades óbvias. De difícil execução,
mas não impossíveis. Até lá, Beira-Mar não pode voltar para o Rio, nem
o Exército para casa.
As Forças Armadas "destinam-se à
defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa
de qualquer destes, da lei e da ordem" (artigo 142 da Constituição).
E o que ocorre hoje, especificamente
no Rio, apesar de não só ali, senão
uma profunda ameaça aos poderes
constitucionais, à lei e à ordem?
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