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RUY CASTRO
Cinqüentona enxuta
RIO DE JANEIRO - Durante quatro dias da semana passada, 25 pessoas -diretores de faculdades, professores da rede municipal de ensino, produtores culturais, médicos,
advogados, músicos- submeteram-se a 30 horas de atividades de
base acadêmica (e outras quatro de
capacitação pedagógica) sobre...
bossa nova.
O congresso se chamou "1º Encontro Bossa Nova Rio", e se deu no
Colégio Notre Dame, em Ipanema.
Foi organizado por Carlos Alberto
Afonso, ex-professor de literatura
e, há 15 anos, proprietário da livraria Toca do Vinicius, vizinha do colégio. Cada congressista pagou uma
quantia simbólica para ouvir palestras, testemunhos e análises, em
jornadas que iam de 8 da manhã às
6 da tarde.
Roberto Menescal mostrou as
batidas de samba ao violão, antes e
depois da bossa nova. A cantora
Wanda Sá explicou sobre o estilo
vocal instituído pelo gênero. O vibrafonista Ugo Marotta, da primeira hora da bossa nova, ilustrou sobre o papel da percussão. O artista
gráfico César Villela falou das capas
que criou para a Elenco.
O empresário Flavio Ramos relatou sua façanha de produzir o show
"Encontro", com João Gilberto,
Tom Jobim e Vinicius de Moraes,
em seu restaurante Bon Gourmet,
em 1962, e de como sobreviveu para
contar a história. O contrabaixista
Sergio Barroso, outro fundador,
analisou os trios da bossa nova. A
cantora Claudia Telles falou de sua
mãe, Sylvinha, e de seu pai, o violonista Candinho, um dos heróis esquecidos do movimento.
Outros mergulharam na história,
geografia, economia e política da
bossa nova. Ao fim das jornadas, os
congressistas aderiam às 800 pessoas que lotavam diariamente o
magnífico teatro do Notre Dame
para ouvir shows gratuitos de Leny
Andrade, Os Cariocas e Pery Ribeiro. Não há cinqüentona mais enxuta que a bossa nova.
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