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Estratégia de defesa
DEPOIS DE um ano de elaboração no governo, começa
a tomar forma o Plano Estratégico de Defesa Nacional. O
projeto, a ser anunciado até o dia
7, contém grandes diretrizes, como o reaparelhamento, a reorganização da indústria bélica nacional, o reforço do patrulhamento da fronteira e alterações
no serviço militar obrigatório.
Em seu esboço, o documento
prevê o fomento à indústria local, além de absorção de plataformas tecnológicas importadas.
Aqui começam as dúvidas. Já
houve muita mudança de orientação no governo sobre com que
países, afinal, o Brasil pretende
firmar alianças estratégicas.
Além do programa de modernização das Forças Armadas, é
necessário agregar um mínimo
de previsibilidade aos dispêndios. Sem regularidade financeira, investimentos que requerem
longo prazo de maturação e somas elevadas, como o Veículo
Lançador de Satélites e o submarino de propulsão nuclear, dificilmente sairão do papel.
A parte mais criticável do projeto, no entanto, é a que trata da
alteração no estatuto atual do
serviço militar. A idéia defendida
pelo ministro dos Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira
Unger, de criar um serviço civil
obrigatório é um princípio anacrônico de mobilização nacional.
Como o próprio ministro da
Defesa, Nelson Jobim, afirmou,
o serviço está se tornando voluntário na prática. O Brasil tem o
maior contingente militar na
América do Sul, com cerca de
368 mil integrantes. A Argentina, segunda maior economia da
região, tem força de apenas 76
mil. Não há necessidade, nos dias
de hoje, de aumentar o contingente brasileiro, mas de profissionalizá-lo e equipá-lo.
O plano evitaria entrar em um
terreno pantanoso se deixasse de
lado a idéia de dar nova regulamentação ao emprego do Exército em áreas urbanas. Os investimentos nessa área deveriam recair sobre a Força Nacional de
Segurança Pública.
Em seus principais diagnósticos, contudo, o Plano Estratégico
de Defesa vai ao encontro de um
necessário "aggiornamento" das
Forças Armadas. Falta despojar-se de ideologias ultrapassadas
para ganhar mais coerência,
pragmatismo e coordenação.
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