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MELCHIADES FILHO
Inimigos íntimos
BRASÍLIA - A parceria que deu
sustento a FHC não deverá sair das
eleições municipais com a coesão
desejada para dar o troco em Lula.
PSDB e DEM se estranharam já
na negociação das candidaturas. A
estratégia vislumbrada para 2010
não resistiu aos paroquialismos.
Os dois partidos largaram como
adversários em 14 capitais. Enfrentam-se diretamente em 4 e participam de coligações rivais em 10.
Do mesmo lado, eles estão em 11.
Ainda assim, em 5 endossaram uma
terceira agremiação. Somente em
Belém, Curitiba, Florianópolis,
João Pessoa, Rio Branco e Teresina
um partido aceitou apoiar um nome do outro na cabeça de chapa.
A campanha, claro, ampliou a distância. E não só em São Paulo, onde
a desidratação de Geraldo Alckmin
(PSDB) e o crescimento de Gilberto
Kassab (DEM) dinamitaram a base
tucana irremediavelmente.
Em Salvador, por exemplo, ACM
Neto (DEM) torce desabridamente
contra Antonio Imbassahy (PSDB)
e para ter outro oponente no segundo turno -ao passo que o tucano,
curiosamente, virou a aposta do governador petista Jaques Wagner
para barrar o retorno do carlismo.
Em Fortaleza, onde o DEM tem
chance com Moroni Torgan, o
PSDB reforça a militância de Patricia Saboya (PDT). Em Cuiabá, onde
a vitória de Wilson Santos (PSDB)
parecia certa, o apoio do DEM a
Walter Rabello (PP) aumenta a possibilidade de segundo turno.
Fossem boas as perspectivas desses vôos separados, não seria difícil
uma reaproximação pós-outubro.
As pesquisas, contudo, põem tucanos e democratas no páreo em apenas 9 capitais -com 3 barbadas (tucanos em Curitiba, São Luís e Teresina). O PT, sozinho, crava 8 e 4.
Não à toa, FHC voltou a defender
a chapa puro-sangue Serra-Aécio
(não necessariamente nessa ordem), e o DEM, a falar em "anticandidato" -o governador José Roberto Arruda (DF) ou a senadora Kátia
Abreu (TO), a depender do perfil da
campanha de Dilma Rousseff.
mfilho@folhasp.com.br
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