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ELIANE CANTANHÊDE
É uma África
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - Lula chega hoje à África para uma viagem que
tem caráter simbólico, político e econômico, porque faz parte do esforço
brasileiro de ocupar um lugar ao sol
entre os países líderes do mundo. Em
resumo, é preciso liderar os pobres
para poder negociar em conjunto e
com mais força com os ricos. O GX na
OMC é um laboratório.
Será, porém, uma maratona. Cinco
países (São Tomé e Príncipe, Angola,
Moçambique, Namíbia e África do
Sul) em sete dias, e as distâncias entre
um país e outro não são pequenas.
Lula fará um discurso político forte
daqui, visitará um centro de próteses
dali, defenderá projetos grandiosos
da Vale do Rio Doce acolá. Tudo rapidinho, para pegar o vôo seguinte.
Em todos os lugares, ele terá encontro com o presidente e/ou primeiro-ministro e falará com tom, voz e jeitão de líder mundial. Mas também
recorrerá à origem humilde para tentar disfarçar a arrogância e igualar
os dramas e misérias brasileiros (ou
latino-americanos) aos africanos. E
levará um pacote de bondades.
No quesito simbologia, Lula desembarcará na África por São Tomé e
Príncipe só como gesto de boa vontade. O país, uma pequena ilhota, foi o
último de língua portuguesa a ter
uma embaixada brasileira, que acaba de ser inaugurada.
Ainda nesse quesito, ele falará da
importância dos escravos africanos
na construção do Brasil e pedirá desculpas pela dívida, até moral, com
eles e seus descendentes. A ministra
Matilde Ribeiro (Integração Racial)
integra a comitiva. Já Benedita da
Silva (Assistência Social) anda meio
interditada para viagens.
Mas política externa "pró-ativa"
não se faz apenas com abraços, discursos e simbologias. Tem de ter grana. É por isso que a melhor notícia de
Lula aos africanos é que o Brasil topa
acordos de livre comércio bem vantajosas para o "continente amigo".
Quem não tem tu vai de tu mesmo:
Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) integra a comitiva, mas Palocci (Fazenda) não quis ou não pôde. Para tristeza do Itamaraty.
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