|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
Manifestação de desprezo
PELA QUARTA VEZ em 22 dias,
o trânsito paulistano será
tumultuado amanhã por
uma manifestação na avenida
Paulista. A Apeoesp, sindicato de
professores da rede estadual de
ensino de São Paulo, agendou
outra assembléia de greve nessa
artéria vital da cidade.
Se a reunião originar uma nova
passeata, trará prejuízo ainda
maior ao fluxo de veículos, como
parece ser a intenção dos grevistas. Nas últimas edições, a maioria das faixas da Paulista e da
Consolação foi bloqueada.
Não foi diferente a atitude dos
caminhoneiros na última segunda-feira. O protesto contra as novas restrições municipais à circulação de veículos pesados chegou a interromper por completo
a pista expressa da marginal do
rio Tietê. O ato teve liderança da
Aster (Associação das Empresas
de Terraplenagem) e do Sindicapro (Sindicato dos Condutores
em Transportes Rodoviários de
Cargas Próprias de São Paulo).
Não se questiona o direito dessas categorias de reunir-se e manifestar-se, garantido como está
pelo artigo 5º da Constituição
(inciso XVI). É intolerável, contudo, a propensão temerária a
maximizar o dano a terceiros como forma de exercer pressão sobre o poder público.
O texto constitucional, de resto, exige dos manifestantes aviso
prévio às autoridades (embora
os dispense de pedir autorização). No caso paulistano, a lei
municipal nº 12.151 estipula que
tal aviso seja dado à Companhia
de Engenharia de Tráfego (CET),
como é razoável. Isso quase nunca acontece. Segundo a CET, a
Apeoesp só cumpriu a formalidade em uma das ocasiões.
A companhia representou ao
Ministério Público contra o sindicato dos professores, solicitando o ressarcimento de R$
32.622,40 em custos operacionais. Não há notícia, porém, de
que esse gênero de providência
já tenha exercido efeito inibidor
sobre a disposição das entidades
de paralisar São Paulo.
Os sindicatos contam, decerto,
com a impunidade propiciada
pela demora do aparelho judicial
em responsabilizá-los. É esse o
combustível da leviandade com
que põem seus interesses corporativos acima do bem-estar de
milhões de cidadãos.
Texto Anterior: Editoriais: Fichas sujas Próximo Texto: Paris - Clóvis Rossi: Queria a Lua Índice
|