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PERSPECTIVAS MUNDIAIS
A política fiscal expansionista
adotada pelo Tesouro americano, associada a taxas de juros negativas praticadas pelo Fed, recolocou os
Estados Unidos na liderança do dinamismo mundial. A economia
americana voltou a impulsionar a demanda mundial, retransmitindo
seus estímulos para o resto do mundo por meio de elevados e persistentes déficits comerciais. Ao dinamizar
as transações globais, o déficit americano produz uma confluência de
interesses que favorece a sua perpetuação ao longo do tempo.
De acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), a economia
mundial deve crescer 5% neste ano e
recuar para 4,3% em 2005. Os EUA e
o Japão, as duas maiores economias
do mundo, deverão apresentar taxas
de crescimento de 4,3% e 4,4%, respectivamente, neste ano. O comércio
internacional deve encerrar 2004
com um avanço de 8,8%.
Para o Brasil, o Fundo projeta uma
expansão de 4%, uma das menores
taxas de crescimento em todo o
mundo. Em 2004, o desempenho do
país ficará abaixo da média mundial,
dos países da América Latina, do
Mercosul, da Ásia e da África. A China crescerá 9%. A Índia, 6,4%; a média dos países africanos, 4,5%.
Os países em desenvolvimento devem consolidar um superávit em
conta corrente de US$ 285,7 bilhões
e reservas internacionais de US$ 350
bilhões, o que afasta do horizonte, a
curto prazo, o risco de crises financeiras e cambiais como as que aconteceram em meados dos anos 90. Esses fatos, aliados às baixas taxas de
juros prevalecentes nos países industrializados, mesmo que em lento
processo de alta, deverão ajudar a
preservar os fluxos de capitais para
os países emergentes.
O movimento de alta nos preços do
petróleo pode desencadear efeitos
deletérios sobre a inflação, com as
autoridades monetárias elevando as
taxas de juros e reduzindo o dinamismo da economia global. A China
tem sido responsável por cerca de
30% a 50% do aumento da demanda
por petróleo. A Índia, por outros
10%. Enfim, a expansão da demanda
mundial deverá manter as pressões
sobre a oferta de petróleo e, por conseguinte, sobre os preços.
O Fundo manteve a projeção de
crescimento para a economia brasileira em 3,5% para 2005, desacelerando em relação a este ano. O Brasil, no entanto, deveria aproveitar esse cenário otimista da economia
mundial, da liqüidez internacional e
das perspectivas dos países em desenvolvimento para sustentar seu ritmo de crescimento.
As empresas brasileiras enfrentam
uma carga tributária excessiva, convivem com escassez de crédito e gargalos na infra-estrutura. Dificilmente o país crescerá a longo prazo sem
que sejam criadas condições para a
redução da taxa de juros, cronicamente elevada, e instrumentos financeiros adequados para permitir a expansão dos investimentos.
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