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CLÓVIS ROSSI
3/10 x 1º/11
SÃO PAULO - Haverá nesta noite, a partir dos resultados eleitorais, leituras para agradar todos ou quase todos os paladares.
O PT, por exemplo, certamente poderá gritar vitória, porque elegeu
apenas 187 prefeitos em 2002 e, agora, no mínimo, muito no mínimo, vai
dobrar o número. É uma leitura correta? É. Mas diz muito pouco.
Hoje, no Estado de São Paulo, o PT
governa 11,3 milhões de eleitores,
conforme os dados compilados por
Fernando Rodrigues, desta Folha. Se
perder a capital, torna-se quase irrelevante o fato de dobrar, no país, o
número de prefeitos.
Na mesma hipótese, a vitória do
PSDB em São Paulo será vista como
um feito extraordinário. Também é
uma leitura correta ou quase correta.
Mas o mais certo seria dizer que a vitória pertencerá a José Serra, em primeiríssimo lugar, e só muito depois
ao partido.
A medição talvez mais adequada
seria aritmética simples: que partido
terá o maior número de votos computados os resultados dos mais de
5.500 municípios? Esse será o vencedor, mesmo assim se tiver evoluído
na comparação com 2000.
Qualquer que seja a leitura que se
prefira da eleição, convém desde já
deixar claro que pleito municipal
não é, ao contrário da sabedoria convencional, a ante-sala da votação nacional a dar-se daqui a dois anos.
Ousaria até correr o risco de dizer
que, a partir de 1º de novembro, poucas horas após o segundo turno (onde
houver), os prefeitos eleitos emagrecem substancialmente em importância política, que volta para as mãos
de senadores, deputados federais e
governadores.
É, vale lembrar, o mesmo elenco
eleito há dois anos, com a óbvia exceção dos que preferiram disputar prefeituras (e ganharem).
Nem o jogo nem mesmo o primeiro
tempo terminam em 3 ou em 31 de
outubro. Começam, isso sim, ou recomeçam, no dia 1º de novembro.
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