São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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CLÓVIS ROSSI

3/10 x 1º/11

SÃO PAULO - Haverá nesta noite, a partir dos resultados eleitorais, leituras para agradar todos ou quase todos os paladares.
O PT, por exemplo, certamente poderá gritar vitória, porque elegeu apenas 187 prefeitos em 2002 e, agora, no mínimo, muito no mínimo, vai dobrar o número. É uma leitura correta? É. Mas diz muito pouco.
Hoje, no Estado de São Paulo, o PT governa 11,3 milhões de eleitores, conforme os dados compilados por Fernando Rodrigues, desta Folha. Se perder a capital, torna-se quase irrelevante o fato de dobrar, no país, o número de prefeitos.
Na mesma hipótese, a vitória do PSDB em São Paulo será vista como um feito extraordinário. Também é uma leitura correta ou quase correta. Mas o mais certo seria dizer que a vitória pertencerá a José Serra, em primeiríssimo lugar, e só muito depois ao partido.
A medição talvez mais adequada seria aritmética simples: que partido terá o maior número de votos computados os resultados dos mais de 5.500 municípios? Esse será o vencedor, mesmo assim se tiver evoluído na comparação com 2000.
Qualquer que seja a leitura que se prefira da eleição, convém desde já deixar claro que pleito municipal não é, ao contrário da sabedoria convencional, a ante-sala da votação nacional a dar-se daqui a dois anos.
Ousaria até correr o risco de dizer que, a partir de 1º de novembro, poucas horas após o segundo turno (onde houver), os prefeitos eleitos emagrecem substancialmente em importância política, que volta para as mãos de senadores, deputados federais e governadores.
É, vale lembrar, o mesmo elenco eleito há dois anos, com a óbvia exceção dos que preferiram disputar prefeituras (e ganharem).
Nem o jogo nem mesmo o primeiro tempo terminam em 3 ou em 31 de outubro. Começam, isso sim, ou recomeçam, no dia 1º de novembro.


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