|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
O que não mata engorda
SÃO PAULO - O PT busca apoios no atacado partidário, e o PSDB tenta
colher no varejo. Mas o que interessa
mesmo não são os caciques, são os índios que hoje vão às urnas para decidir o presente e o futuro.
Enquanto José Genoino e outros líderes petistas vão a Miguel Arraes
(PSB), José Sarney (PMDB) e Paulo
Maluf (PP), os tucanos parecem contar com uma profecia: a de que os votos malufistas vão cair no colo de José
Serra no segundo turno.
Em política, porém, profecias nem
sempre se cumprem. Exemplo de
uma candidata de ontem e de hoje:
quem diria que Erundina, sem apoio
do seu então partido (PT), poderia
ser eleita em 88? E foi.
Mais agressivo, o PT quer fechar
um bloco com as cúpulas de PMDB,
PSB e PP para Marta Suplicy. Já o
PSDB espera manifestações de apoio
de gente como Erundina e o seu vice,
Michel Temer, contentando-se com a
neutralidade de quem não pode aderir a Serra, mas não se sente confortável com Marta. E considera Paulinho
e PDT como favas contadas, entre
outras, por conta da aliança nacional
PSDB-PFL-PDT.
A campanha de Marta parece se
mexer mais. Mal abertas as urnas,
caciques pluripartidários -Lula como abre-alas- já estarão em São
Paulo para diminuir a diferença pró-Serra detectada pelas pesquisas no
segundo turno.
A campanha de Serra, mais "tucana" -no sentido de "sonsa"-, joga
tudo no prestígio de Alckmin (considerado o maior cabo eleitoral desta
eleição) e na tal profecia, ou lei da
gravidade, dos malufistas.
A verdade, e os dois lados sabem
disso, é que tudo pode acontecer. E
que o que acontecer hoje em São Paulo não mata ninguém, mas engorda
ou emagrece as chances do PT e do
PSDB nos próximos lances eleitorais
-2006 e 2010. Alianças de hoje serão
alianças de amanhã. Provavelmente,
os eleitores também.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: 3/10 x 1º/11 Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Do dever cívico Índice
|