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CORRIDA PRESIDENCIAL
Um dos principais eventos de
2004 será a eleição presidencial
norte-americana, marcada para novembro. O que está em jogo não é
apenas o cargo de maior poder do
mundo, mas também a definição
dos rumos do planeta pelos próximos anos, talvez décadas. Com efeito, esse não será um pleito ordinário.
De um lado, haverá George W.
Bush buscando sua reeleição. De outro, um candidato do Partido Democrata ainda indefinido. Como bem
observou recente editorial da revista
britânica "The Economist", fala-se
muito nas divisões que Bush com
sua política provocou na Europa e esquece-se um pouco de que o mesmo
ocorre nos próprios EUA.
Não é à toa que o pré-candidato democrata hoje tido como favorito -o
que conseguiu levantar mais dinheiro e mais declarações de apoio- é
Howard Dean. Em outros tempos,
sua candidatura seria vista como
quase inviável. Dean é um "outsider". Não pertence à cúpula do partido e o principal cargo que já ocupou
foi o de governador do pequeno e politicamente inexpressivo Estado de
Vermont. Tem ainda contra si o fato
de ser visto como excessivamente liberal. Para os padrões norte-americanos, Dean seria o que há de mais
parecido com um socialista.
De modo um pouco paradoxal, foram justamente essas credenciais
que o lançaram na frente na corrida
pela candidatura democrata. Dos
postulantes, Dean foi o único que
criticou abertamente a guerra no Iraque. Com isso, arrebatou o aprovação de setores do Partido Democrata
e da sociedade civil norte-americana
que condenam com um pouco mais
de veemência as políticas do atual
presidente. Tanto é assim que a
maior parte dos outros pré-candidatos democratas mudou de posição e
passou a criticar a política externa de
George W. Bush.
A definição do candidato democrata deve ocorrer nos próximos 60 dias,
quando ocorrem algumas das principais prévias. A corrida começa no
dia 19 de janeiro, em Iowa, e culmina
com a superterça, 2 de março, quando dez Estados fazem suas primárias. A partir de meados de fevereiro,
porém, à medida que mais Estados
forem se posicionando, ficará mais
claro se a pré-candidatura de Dean
terá fôlego ou se é apenas o resultado
de um entusiasmo passageiro.
Embora os EUA pareçam hoje profundamente divididos -e de fato estão-, ninguém deve esperar uma reta final de campanha muito radical.
Depois que o candidato democrata
tiver sido escolhido, a tendência é
que os dois concorrentes tentem se
mostrar para a população como centristas confiáveis. Bush, por exemplo, evitará falar de temas polêmicos
como o aborto, que evidenciem suas
posições intransigentes. O mesmo
se pode esperar de Dean, caso seja ele
mesmo o postulante democrata. Ele
dificilmente se posicionará a favor
do casamento gay ou qualquer outro
tema que ainda divida emocionalmente os norte-americanos.
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