|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Ano novo, vida nova
BRASÍLIA - Passado 2003, passadas as festas de Natal e Ano Novo, cá estamos nós imaginando o que será do
governo Lula e do país em 2004.
Em 2003, tudo pareceu muito igual
e/ou muito devagar, mas havia a desculpa da "herança maldita", do "Orçamento tucano", da imprevisibilidade americana, da inexperiência do
presidente e dos ministros.
Então, lá fomos nós navegar nos juros, num novo acordo com o FMI e
num superávit terrível para investimentos, mas excelente como pretexto
para o governo. Nada pôde justificar
tão bem a paradeira da área social e
a falta de um programa espetacular
(para usar um termo dos novos tempos) para transportes, por exemplo.
Segundo a Folha de quarta-feira
passada, 31/12, o governo Lula investiu no seu primeiro ano menos de um
terço do total gasto pelo governo FHC
no último ano tucano. Foram R$ 3 bi
em 2003, contra R$ 10,1 bi em 2002.
"O ajuste orçamentário foi em cima
dos investimentos", explicou Guido
Mantega (Planejamento).
Passado o primeiro ano, passadas
as festas, acabou-se a brincadeira,
acabaram-se os pretextos. Agora, o
jogo é para valer. Lula, Palocci, Dirceu e os ministros da infra-estrutura
e da área social não nos venham
mais com as desculpas de 2003. Ou
façam e invistam, ou arranjem desculpas novas.
"Herança maldita" não vale mais.
O Orçamento de 2004 não é mais deixado por FHC, é legítima peça de
Mantega e do governo PT. As incertezas quanto à economia americana já
não assombram tanto quanto antes.
Há previsão de crescimento nos EUA,
na Europa, no Japão e até -imagine!- na América Latina.
O governo não está mais começando, o PT não é mais bicho-papão para elites e mercados, as condições internacionais são favoráveis. Os ministros já aprenderam o que podiam,
as equipes já estão testadas, o Orçamento é da lavra petista.
O que se espera é, portanto, eficiência, resultados e perspectivas alvissareiras, sem espetáculos, mas devagar
e sempre. Como alguém já disse, a esperança é a última que morre.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Farinha do mesmo saco Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Túnel no fim da luz Índice
|