|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Quem avisa amigo não é
BRASÍLIA - O Planalto não assistiu impassível à troca de cotoveladas entre Fazenda e Planejamento quanto
a visões de política econômica. Na
verdade, cotoveladas muito mais de
Guido Mantega e José Carlos Miranda contra Palocci e Marcos Lisboa.
Lula e o "núcleo duro" do governo
(do qual, aliás, Palocci faz parte) tomaram partido do ministro da Fazenda contra o do Planejamento.
Mais uma vez, quem foi destacado
para o "puxão de orelhas" foi Luiz
Gushiken (Comunicação), um japonês com jeitão zen que sabe dizer coisas duras de forma aceitável.
Mantega que se cuide. Apesar de
velho companheiro de Lula, ele escapou por um fio de ficar sem-ministério no início do governo e é melhor
não brincar com fogo: está no forno
uma minirreforma ministerial.
Por ora, Lula tenta fazer a seguinte
combinação: transformar ministros
que não estão satisfazendo em pré-candidatos a prefeituras em seus Estados. Exemplos: Benedita da Silva
(Promoção Social), no Rio, e Olívio
Dutra (Cidades), em Porto Alegre.
O problema aí é o que fazer com o
"resto". Roberto Amaral (Ciência e
Tecnologia), por exemplo, não é candidato e está adorando o cargo. Neste
caso, não se usa o tradicional "os incomodados que se mudem". É o incomodado Lula quem tem que mudar.
Seria fácil mexer com Amaral, mas
todo o cuidado é pouco ao mexer
com o aliado PSB.
Mantega também não é candidato
a nada em 2004. Aliás, nem é político
de carreira, não tem mandato. Antigamente, o jeitinho era despachar o
amigo incômodo para uma embaixada ou para um organismo internacional, de preferência chique, em
Washington. Como o PT veio para
mudar tudo... pode ser que a solução
não funcione para Mantega.
Mas o aviso vale para ele, como vale para boa parte do ministério: ponham as barbas de molho, porque estão sendo avaliados por Lula e pelo
"núcleo duro". Criticar Palocci, por
exemplo, é a maior fria. Esse não precisa ser candidato a nada -a curto
prazo, quer dizer. Está firme como
uma rocha.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Juros e búzios Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: A elite e os outros Índice
|