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ELIANE CANTANHÊDE
Sem intermediários
BRASÍLIA - No debate de hoje à noite
na TV Bandeirantes, o mais provável
é que Garotinho bata em Serra, que
baterá em Ciro, que baterá em Lula.
Que vai tentar ser olímpico, assistindo a Serra e Ciro se matarem.
Garotinho precisa mostrar que sua
candidatura é para valer. Serra, recuperar o eleitorado perdido e ir além,
apesar do dólar. Ciro, segurar o que
tem, mesmo com denúncias contra o
coração de sua campanha. E Lula,
deixar de ser o candidato marcado
para morrer no segundo turno.
Nas duas pontas, Garotinho tem
9% a 10% fiéis, e Lula pode dizer a
maior besteira, mas dificilmente sua
base de votos cai abaixo da linha de
segurança. O problema é Ciro subir.
A emoção fica concentrada, portanto, no embate Serra versus Ciro.
Os dois se detestam. Ciro vem do
PSDB e é o refúgio seguro de lideranças que preferem o diabo a Serra, como Tasso, ACM e Bornhausen, que,
aos poucos, dominam a candidatura.
Ciro e Serra disputam sobretudo o
voto do eleitor. Mas também o empresariado, a maioria do PFL, parcelas do PMDB e até simpatias no próprio PSDB. E também quem sabe
mais, tem mais liderança, convence
melhor. Briga das boas.
Não deixe de perceber a sombra
atrás de cada candidato: Lula tem a
crise do PT em Santo André; Ciro tem
José Carlos Martinez (com o vice
Paulinho na reserva); Serra, o misterioso Ricardo Sérgio; Garotinho, a
história de fitas e prêmios fantasmas.
Espera-se que o debate não fique só
nas sombras, mas elas estarão lá, como estão na campanha. Quem tiver
boas respostas -de preferência rápidas e enxutas- tem mais chance.
Quem não tiver, que as tivesse.
No mais, TV é forma, além ou até
mais que conteúdo. Lula não pode
tremer quando lhe perguntarem sobre estudo e experiência administrativa. Ciro deve não se irritar tanto como ultimamente. Serra precisa descer da cátedra e chegar ao palanque.
Garotinho tem de deixar de ser ressentido e voltar a ser candidato.
Aproveite a chance de decidir ao vivo, em cores. E sem intermediários.
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