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CLÓVIS ROSSI
O verdadeiro risco Brasil
SÃO PAULO - Transcrevo a seguir trechos de e-mail recebido de leitor que
mora nos Estados Unidos, mas cujo
nome sou forçado a omitir por se tratar de um imigrante ilegal.
Sua história: "Quando tomei a decisão de vir para os EUA, a minha situação era a da maioria dos brasileiros: desempregado, casado, milhares
de contas a pagar e a pressão aumentando todos os dias. Minha mulher
tem curso superior e tinha de trabalhar em três turnos diários para compensar a minha situação".
A virada: "Hoje, vivemos uma vida
maravilhosa. Eu, mesmo nunca tendo
estudado inglês, estou me virando
bem e já tenho o meu próprio negócio,
já saldei minhas contas no Brasil, tenho empregados, carros, cartões de
crédito, minha esposa está grávida,
enfim, muito mais do que eu sempre
sonhei em 38 anos de vida e nunca
consegui".
O medo: "Então por que o medo e a
angustia? Simplesmente porque me
encontro no meio dos milhões de indocumentados que moram aqui e que
podem ser despachados de volta para
seus respectivos países. Até aí, tudo
bem, eu sabia que isso fazia parte do
jogo. Mas, no meio do caminho, teve
um 11 de setembro e a situação mudou, as regras do jogo também, o cerco aos imigrantes se fechou e está cada vez mais apertado".
O paradoxo: "Tive de escutar de
uma advogada que não existe a menor possibilidade de um brasileiro na
minha situação conseguir asilo, permanência ou trabalho regular pelo
simples fato de o Brasil ser um país
tropical, abençoado por Deus e bonito
por natureza. Não está em guerra
com ninguém, tem um povo ordeiro e
trabalhador".
O risco Brasil: "Como você bem disse, a Palestina vive uma guerra às claras, e com motivo. O Brasil vive no engano de se alegrar ao perder um olho
e não perder a vida. E eu sonho acordado com o dia de ter os meus papéis
americanos, não para poder ir ao
Brasil, mas para não precisar sair daqui".
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