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VALDO CRUZ
Segurança, até quando?
BRASÍLIA - Bom, com certeza, não chega a ser. Mas que tem gente no governo Fernando Henrique Cardoso
gostando da onda deflagrada por
bancos estrangeiros rebaixando a recomendação em investimentos no
Brasil, lá isso tem.
Afinal, os bancos estão colando na
imagem de Luiz Inácio Lula da Silva
após sua subida nas pesquisas eleitorais, a origem das turbulências na
economia nos últimos dias.
Por tabela, ressuscitam o discurso
segurança versus risco na economia
-tão usado na reeleição de FHC em
98. O que, dizem, pode novamente favorecer o candidato oficial.
Enquanto isso, comemoram os governistas de plantão, fica em segundo
plano a responsabilidade da equipe
de FHC pela mudança no humor dos
bancos estrangeiros. Para alguns,
loucos para dar um empurrão na
candidatura Serra, ela nem existe.
Mas existe e já mostra sua cara.
Apesar de o governo insistir em que
tudo vai muito bem, o cenário econômico se deteriorou. A inflação não cedeu, os juros pararam de cair, as exportações estão em declínio e a economia não vai crescer o que a equipe
econômica sonhava.
Como consolo, os amigos de FHC e
de Serra sacam rápido o velho argumento: na pior das hipóteses, o cenário econômico ruim associado ao
fantasma Lula vai mesmo ajudar o
candidato governista, o da continuidade sem continuísmo.
Mas há quem acredite que, desta
vez, essa associação pode não ser tão
automática assim na cabeça do eleitor. Em 98, ele optou por FHC em nome da tal segurança contra o risco
Lula. Mas o que recebeu de volta? Desemprego elevado, renda em queda,
crescimento econômico acanhado.
Desolado, o eleitor pode preferir
correr riscos. Serra, analista privilegiado, sabe disso. Já está procurando
mostrar que, com ele, será diferente.
A dúvida é saber em quem o eleitor
vai confiar. No governista que tenta
parecer oposição, ou no petista que
busca ser mais confiável.
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