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EPIDEMIA GLOBAL?
O surgimento , na semana
que findou, dos primeiros casos suspeitos de Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em São Paulo
coincide com um agravamento do
surto internacional da doença. Já foram registrados mais de 2.300 casos
da moléstia em 18 países; mais de 80
infectados morreram devido a complicações pulmonares.
Embora a taxa de mortalidade da
Sars não seja das mais elevadas -entre 3% e 4%-, o simples fato de a
doença poder revelar-se fatal e as dúvidas acerca dos mecanismos de
contágio bastaram para gerar preocupação em todo o mundo e até algum pânico na Ásia, que está no centro da epidemia.
A Organização Mundial da Saúde
(OMS), pela primeira vez em seus 55
anos de existência, recomendou a
viajantes que evitassem uma parte do
mundo (Hong Kong e a Província de
Cantão, na China).
O prestigioso "New England Journal of Medicine" publicou um editorial extraordinário assinado por Julie
Gerberding, diretora dos CDCs (vigilância epidemiológica dos EUA), no
qual a autora elogia a rapidez com
que laboratórios e serviços médicos
reagiram à Sars, mas sugere que pode ser tarde demais para evitar uma
"pandemia global".
Com efeito, a doença tanto pode
desaparecer nas próximas semanas
tão misteriosamente como surgiu
como pode tornar-se mais uma moléstia a fustigar a humanidade. É impossível prever hoje com segurança o
que acontecerá.
As principais suspeitas dos pesquisadores quanto ao agente causador
da Sars recaem sobre um até então
desconhecido coronavírus, da mesma família de vários dos vírus que
causam resfriados comuns. Mas não
se descarta a co-infecção por outros
vírus ou até por bactérias, o que ajudaria a explicar por que algumas pessoas -e mesmo algumas populações- parecem mais suscetíveis à
moléstia do que outras.
Outro aspecto não-negligenciável
do surto de Sars são seus impactos
econômicos, principalmente na
Ásia. Os setores mais afetados até o
momento são o turismo e a aviação
civil. A companhia holandesa KLM
divulgou uma mensagem afirmando
que os estragos provocados pela
doença já superam os ocasionados
pela guerra no Iraque.
Vários eventos comerciais e competições esportivas previstos para
ocorrer na Ásia já foram cancelados.
A imposição de quarentenas a pessoas que tenham tido contato com
doentes provoca faltas ao trabalho.
Em Hong Kong, a polícia está procurando cerca de 200 pessoas que fugiram da quarentena. Agências de avaliação já fazem previsões de crescimento menor no trimestre para alguns dos países mais atingidos.
No Brasil, até o momento, o pior
parece ter sido evitado. Apesar de
problemas de comunicação e divergências entre órgãos sanitários, os
casos suspeitos foram rapidamente
isolados. Se a Sars, contudo, evoluir
para uma epidemia global, o país
certamente não passará incólume.
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