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ELIANE CANTANHÊDE
As armadilhas de Bush
BRASÍLIA - Dois anos depois da explosão das torres gêmeas em Nova
York, conclui-se que ninguém ganhou, todos continuam perdendo.
George W. Bush invadiu o Afeganistão e nem por isso encontrou ou
destruiu Osama bin Laden, que anda
por aí, feito alma penada, assombrando não só o presidente mas a população dos EUA com a possibilidade
-bastante real- de novo atentado.
O mesmo George W. Bush se uniu
ao primeiro-ministro Tony Blair para invadir o Iraque com o argumento
de que o país de Saddam Hussein tinha armas químicas. Jurava que, liquidado o ditador, devolveria o país
novinho em folha aos iraquianos.
O que se viu: não havia armas químicas. Os "documentos" dos órgãos
de inteligência americanos e britânicos, encampados por Bush e Blair e
exibidos para a opinião pública dos
dois países e do mundo, eram fajutos.
Bush não liquidou o ditador, amarga as mortes de americanos durante
e principalmente depois da guerra e
não consegue entregar país nenhum
a ninguém. Sua última tentativa é
manter o comando das tropas, mas
com o socorro internacional e da
ONU -a mesma ONU que ele desdenhou ao invadir o Iraque.
O grande desafio de Bush agora, às
vésperas das eleições americanas, é
escapar da armadilha que armou até
mesmo para ele mesmo. Como sair
do Iraque? E como evitar a guerra civil? Além de derrubar Saddam, Bush
não preparou o "day after". O futuro
do país e das forças dos EUA e do Reino Unido em Bagdá é uma inquietante interrogação internacional.
O 11 de Setembro, portanto, deixa
marcas profundas nos países envolvidos, no multilateralismo e no presidente da maior potência. Até agora,
não gerou nada de positivo.
O ataque à sede da ONU no Iraque
não só matou o brasileiro Sérgio Vieira de Mello como comprovou algo
doloroso: os Estados Unidos estão
vencendo a batalha contra o sistema
multilateral, mas estão perdendo a
guerra contra o terrorismo.
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