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CARLOS HEITOR CONY
Maioria para nada
RIO DE JANEIRO - Mudaram o ministério, parcialmente embora, para
absorver o novo aliado da base governista, por sinal um partido poderoso, decisivo nas votações do Congresso. Se, amanhã, o PFL, o PDT ou
outro qualquer partido que ainda
não pertença ao rebanho de Lula decidir enquadrar-se, engordando o time das vaquinhas de presépio que
sempre dirão sim ao Planalto, certamente haverá nova reforma, ministros bons ou maus sairão para entrarem os novos aliados, bons ou maus,
não importa.
Daí se pode concluir que o único
projeto em execução pelo governo é
construir uma quase unanimidade
nas duas casas do Congresso, unanimidade que somente os Estados totalitários conseguem obter -ou com o
partido único, ou com a corrupção
eleitoral, comprando o apoio com
cargos e benesses várias.
Se a finalidade petista, chegando ao
governo, é dispor de uma maioria
compacta que lhe garanta a governabilidade, certamente teremos novas
reformas e novos apoios.
Acontece que um partido habilita-se ao poder não exatamente para governar, mas para concretizar os projetos nacionais que formaram seu
programa partidário. Para isso, encontrará dificuldades nas hostes adversárias, mas cabe ao partido provar a qualidade do projeto e provar
sua capacidade em executá-lo.
Nem Rodrigues Alves nem JK, que
fizeram administrações dinâmicas,
contaram com maiorias no Congresso. Pelo contrário. Foram combatidos
ferozmente, até com armas na mão,
como no caso de JK. Mas realizaram
o projeto que traziam na cabeça.
Quando mudaram ministros, e JK
me parece que foi o presidente que
mais mudou o ministério, a finalidade da mudança não era ampliar o
apoio no Congresso, mas obter executivos capazes de operar o que o governo pretendia.
O afã do Planalto em formar uma
maioria cada vez maior revela o óbvio: Lula não tem exatamente um
programa de ação, mas um conjunto
de idéias simpáticas que continuarão
simpáticas e nunca realizadas.
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