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CLÓVIS ROSSI
O PT e a bicicleta ergométrica
SÃO PAULO - Não foi apenas a economia brasileira que se transformou em
uma bicicleta ergométrica, que pedala, pedala, mas não sai do lugar, na
imagem do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
O próprio governo do PT é uma gigantesca bicicleta ergométrica, capaz
de dar muitas batalhas, mas nenhuma delas épica. A batalha dos juros,
por exemplo, produziu um "herói"
para o PL, o vice-presidente José
Alencar, e nada mais. Todo mundo
sabe que a redução dos juros é apenas um primeiro e tímido passo para
que a economia possa sair do lugar,
mas, mesmo assim, o governo pedala, pedala, pedala e não consegue dar
nem o primeiro passo.
O que dizer dos outros?
A batalha das reformas produziu
dois textos que todo mundo sabe que
nem resolvem definitivamente o ordenamento das contas públicas, nem
são capazes de produzir um tiquinho
que seja de justiça social, bem ao
contrário. No entanto o PT consome
as suas energias pedalando a bicicleta das reformas.
O "Fome Zero" e todos os programas sociais tampouco saem do lugar,
como se reconhece até nos melhores
gabinetes do Palácio do Planalto,
quando seus ocupantes se animam a
dizer o que de fato pensam.
O governo ganhou, de fato, a batalha da montagem de uma base parlamentar ampla e supostamente sólida, de que se gaba, dia sim, o outro
também, o ministro José Dirceu.
Quem forma a base? Os mesmos
partidos que estão no poder há 500
anos -exceção feita ao próprio
PT- e jogaram o país na "maior crise de sua história", para usar expressão que constava do livreto de campanha de Fernando Henrique Cardoso, em 1994, e que o PT repetiu na
campanha de 2002.
Não obstante FHC e Lula aliaram-se aos mesmos que ou ajudaram a jogar o país na crise ou foram incompetentes para dela tirá-lo. Ou, para
voltar à imagem do presidente, aliaram-se aos pedaladores da bicicleta
ergométrica.
O que comemorar, então?
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