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CLÓVIS ROSSI
Mais polêmica à frente
SÃO PAULO - Sem querer, a equipe da Fazenda pode ter preparado um
novo motivo para mal-estar com os
petistas mais ortodoxos: fez um estudo no qual prova que há uma "relação positiva" entre acordos de livre
comércio e a redução do risco-país.
A informação é de Otaviano Canuto, assessor internacional do Ministério da Fazenda que tem um rico histórico acadêmico de acompanhamento de temas internacionais.
O estudo analisou os casos de México, Rússia e Chile e verificou que a liberalização do comércio, ao levar a
um aumento da corrente de comércio
(importações mais exportações), influenciou no "rating" dos países.
Canuto faz questão de ressalvar
que o estudo não significa que a Fazenda queira apressar ou influir pesadamente nas negociações que o governo brasileiro vem fazendo em torno da Área de Livre Comércio das
Américas, com a União Européia ou
no âmbito mais geral, o da Organização Mundial do Comércio.
"É apenas um dos fatores a levar
em conta nesse processo", diz o assessor do ministro Palocci.
De onde tende a vir a encrenca? No
PT e em ONGs ligadas ou simpáticas
ao partido, há fortes dúvidas de que o
livre comércio seja assim tão benéfico
a qualquer país. Dúvida ainda maior
quando a negociação é com parceiros
tão poderosos como EUA e União Européia (leia-se, a propósito, artigo de
Paulo Nogueira Batista Jr. publicado
na Folha de quinta-feira).
Mesmo entre setores que são francamente favoráveis ao aumento da
"corrente de comércio", o desejo explícito é o de que ele se dê por um aumento maior das exportações do que
das importações, cenário irrelevante
no estudo feito pela Fazenda.
O estudo deveria analisar o custo/
benefício de áreas de livre comércio
como as que o Brasil negocia. Mas,
"no que tange ao efeito sobre o risco-país, só tem benefício", diz Canuto.
Não é tese fácil de ser vendida no
PT ou mesmo no empresariado. A
conferir.
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