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Flerte com a crise
AMANHÃ o eleitorado boliviano irá às urnas para decidir se quer manter o presidente Evo Morales e oito governadores no cargo, ou se prefere destituí-los. Se a mudança de
regras que na última hora beneficiou a oposição vigorar, a expectativa é que a maioria sobreviva ao primeiro referendo revogatório da história do país.
A queda-de-braço que Morales
trava com os líderes dos departamentos da rica meia-lua -Santa
Cruz, Tarija, Pando e Beni- sobre a autonomia dessas províncias dificilmente se resolverá na
votação. As pesquisas sugerem
ser pouco provável que qualquer
um receba votação consagradora
ou vexatória o bastante para resolver o impasse.
O cenário mais provável, portanto, é o de que continuem as
fortes tensões políticas entre os
dois campos -que nesta semana
impediram Hugo Chávez e Cristina Kirchner de visitar a Bolívia
e o próprio Morales de estar presente em algumas regiões majoritariamente oposicionistas.
Paradoxalmente, a situação
econômica é de bonança para a
Bolívia -o que ajuda a explicar a
relativa popularidade tanto de
Morales como dos governadores.
As finanças públicas, por conta
do brutal aumento de impostos
sobre o gás e minérios, se recuperaram. Entre 2005 e 2007, o gasto estatal passou de 34% do PIB
para 42%, sem que isso significasse déficit nas contas.
O relativo conforto fiscal permite aos governantes gastar em
programas de redução da pobreza e outras bondades. O problema é que essa situação não vai
durar para sempre. A retórica
chavista de Morales, associada
ao impasse político entre o governo central e os departamentos, reduziu praticamente a zero
os investimentos produtivos no
país. Sem eles o crescimento
anualizado de 6% aferido no primeiro trimestre deste ano dificilmente vai se sustentar.
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