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CLÓVIS ROSSI
Luiz Ignacio
SÃO PAULO - É mais do que coincidência o fato de chamar-se Luiz Ignacio o mais recente brasileiro a
morrer na tentativa de entrar ilegalmente nos Estados Unidos.
A história de Ricardo Luiz Ignacio,
31, e dos demais presos ou mortos em
tentativas similares é a história do
fracasso do governo de Luiz Inácio
Lula da Silva.
Não sou eu quem o diz, mas a mulher de Luiz Ignacio, Sílvia Cristina
da Silva: "O governo tem de dar é emprego. Entra governo, sai governo, e
nada muda. Está cada vez pior",
queixou-se à Folha.
Os números da emigração ilegal
também contam a mesma história.
Conforme levantamento feito dias
atrás por Rafael Cariello, em 2002,
último ano do governo Fernando
Henrique, 2.946 brasileiros foram detidos pela polícia norte-americana
de fronteiras. No ano seguinte, primeiro do governo Lula, o número
aumentou 70%, passando para
5.008. A fuga do Brasil continua neste ano: até a terceira semana de junho, 4.401 brasileiros foram detidos.
O PT (ou Duda Mendonça) vendeu
a tese, ao ganhar a eleição de 2002,
de que a esperança vencera o medo.
É a mais pura verdade, vê-se agora: a
esperança de ter uma vida melhor
longe do Brasil venceu o medo de enfrentar uma travessia tão perigosa
que, só nos últimos 36 dias, causou a
morte de três brasileiros.
Emigrar é, obviamente, uma decisão penosa. Só a toma ou quem é forçado por motivos políticos, como
ocorreu nos anos de chumbo, ou
quem perdeu toda a esperança na
terra de origem.
O número de brasileiros que se enquadram nesta segunda descrição é
recorde hoje em dia. De terra de acolhida, o Brasil transformou-se em
terra da desesperança.
Seria obviamente pedir demais que
o governo Lula, em 18 meses, devolvesse ao Brasil todos seus encantos. O
seu fracasso não é esse, ainda. O fracasso está em que não foi capaz de
pôr a esperança no horizonte do brasileiro. "Está cada vez pior", como
constata a viúva de Luiz Ignacio.
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