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CLÓVIS ROSSI
E Monroe estava certo
SÃO PAULO - Informa a jornalista Claudia Mancini, na "Gazeta Mercantil" de quinta-feira:
"A Associação Nacional de Manufaturas (NAM) dos Estados Unidos, a
maior do setor no país, prevê que a
exportação norte-americana de mercadorias para as Américas Central e
do Sul vá passar dos atuais US$ 60 bilhões para US$ 200 bilhões ao ano
com a Alca (Área de Livre Comércio
das Américas)".
É mais que razoável supor que boa
parte desse aumento nas exportações
norte-americanas terá como destino
o Brasil -pelo simples fato de ser a
maior economia da América Latina
(fora o México, que já tem acordo de
livre comércio com os EUA e, portanto, não será afetado pela Alca).
O Brasil, ao contrário, perderá US$
1 bilhão ao ser implantada a Alca,
conforme o único estudo abrangente
até agora feito -sob encomenda da
Fiesp (Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo).
É verdade que Roberto Segatto (Associação Brasileira de Comércio Exterior) diz que não é bem assim. Promete outro estudo, mas, até que ele
seja apresentado, não há como discutir com os dados da Fiesp.
Se a Alca fosse apenas comércio, já
seria um baita problema a julgar pelos números expostos. Mas a Alca é
também tudo o mais que o ser humano pode negociar entre países. Investimento, por exemplo. A prevalecer a
regra proposta pelos EUA, qualquer
hipótese de política industrial, tal como defendem todos os candidatos, fica irremediavelmente banida.
A pergunta seguinte inescapável é:
dá para não prevalecer a posição
norte-americana? Em tese dá. Na
prática, é quase impensável, quando
todos os países do Mercosul, Brasil inclusive, estão pendurados na boa
vontade do Tesouro dos EUA, exercida diretamente ou via FMI.
James Monroe, o presidente que reservou "a América para os americanos", no contexto do colonialismo europeu, acertou em cheio. Pena que
agora seja o neocolonialismo.
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