|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Assédio ao PSDB
BRASÍLIA - Com a situação dramática de Serra, empatado com Garotinho na lanterninha das pesquisas, Lula e Ciro atacam vorazmente as
cúpulas, as bases e os votos tucanos.
Ciro já praticamente conquistou a
maioria do PFL que tem peso e voto,
investe sobre o PMDB amedrontado
e agora vai atrás abertamente dos ex-companheiros do PSDB.
Os dois homens-chave são Roberto
Freire, que é do PPS, mas mantém
diálogo com FHC, e Tasso Jereissati,
que é do PSDB, foi presidente do partido e tem bons amigos tucanos.
O alvo prioritário é o próprio Palácio do Planalto, onde FHC já disse
mais de uma vez que tanto ele quanto o próprio Serra preferem Lula a Ciro num eventual segundo turno entre
os dois. Já mandou até emissário dizer isso pessoalmente a Lula.
Foi lá que Roberto Freire esteve recentemente para neutralizar essa
preferência de FHC. Não pediu apoio
explícito para Ciro, mas sugeriu que
o presidente agisse como magistrado
caso Serra não vá ao segundo turno.
Freire acrescentou que Ciro não
tem interesse em "picuinhas contra o
governo anterior". Se eleito, não vai
escarafunchar e alardear denúncias
contra o governo FHC.
A estratégia de Tasso era investir
num certo racha dos tucanos: os
"paulistas" (FHC e Serra) namorando Lula, e os "não-paulistas", Ciro.
Há vários destes no comitê central de
Serra, e até em importantes gabinetes
do governo, que preferiam Tasso como candidato. Engoliram Serra, mas
não se esquivam de conversar com o
cearense sobre o apoio a Ciro.
Serra pode estar em desgraça nas
pesquisas, mas ele tem o maior tempo
na televisão. Já imaginou se mandar
descarregar esse tempo para massacrar Ciro? O próprio Serra pode não
crescer nenhum ponto, mas Ciro pode cair muito, e Lula, subir.
A aliança tácita ou insinuada entre
o PT e o PSDB de FHC e Serra pode
ser decisiva, e não só pelo tempo da
TV. É por isso que Tasso, Freire e a
turma de Ciro trabalham dia e noite
para atrair o PSDB. Serra pode não
ter voto, mas ele, FHC e o partido têm
enorme poder de fogo.
Texto Anterior: São Paulo - Clovis Rossi: E Monroe estava certo Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: A dívida e os índios Índice
|