NÚMEROS e mais números dão o tom predominante na disputa pela Prefeitura de São Paulo, embora as cifras nem sempre sejam confiáveis.
A ex-prefeita Marta Suplicy (PT), por exemplo, contabiliza em 191 o número das escolas construídas em sua gestão. Seriam, na verdade, 149 se o site e as publicações oficiais de campanha não considerassem que cada CEU (Centro de Educação Unificada) vale por cinco.
Ainda no tema dos CEUs, o atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM), expõe com destaque num jornal de campanha a cifra de 25 novas unidades. O fato é que apenas 13 foram entregues até agora, esperando-se as demais para o final do ano.
Quanto a Geraldo Alckmin (PSDB), um panfleto oficial lhe atribui os méritos pela construção de hospitais na Grande São Paulo que foram feitos durante a gestão do governador Mário Covas, de quem foi vice. "Vice atuante", apressou-se em observar sua campanha.
Maquiagens e implantes aritméticos são sintomáticos não só da pirotecnia que acompanha qualquer disputa eleitoral mas também de um viés particular da campanha paulistana. Tudo se resume numa competição numerológica a respeito de unidades escolares, leitos de hospital e quilômetros de vias públicas.
Mas seria estranho se um prefeito ou governador não tivesse nenhuma realização dessa natureza a ostentar quando entra em nova campanha eleitoral.
Desprezam-se, nesta verdadeira olimpíada de benfeitorias e obras desejáveis, os custos relativos de cada uma, as economias que sua realização exigiu em outras áreas, as realidades de arrecadação e endividamento que foi necessário sopesar.
Torna-se mera puerilidade, nesse sentido, falar do talento administrativo de cada candidato, ou de seu compromisso com as necessidades da população, enquanto um debate que não é apenas técnico, mas político, deixa de ser travado -e apenas uma numerologia ufanista e enganosa toma o seu lugar.


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