São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2008

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VALDO CRUZ

Nada de foguetório

BRASÍLIA - Os últimos índices de preços indicam que a inflação desacelerou. A ordem no Ministério da Fazenda, contudo, é não soltar fogos em comemoração. No máximo, uma celebração bem contida.
Guido Mantega ficou sob fogo cruzado nos últimos meses por conta da inflação. Sua tese de que os preços subiam por conta de um choque de commodities e de alimentos, e não devido ao aumento da demanda, foi bem questionada, inclusive no Planalto.
Enquanto isso, o Banco Central era visto como o vencedor do debate interno do governo. Subiu os juros no momento adequado, brandindo a bandeira de que a economia estava aquecida demais.
Agora, a equipe de Mantega acredita que os números da inflação podem provar que a tese do ministro era correta -de que o país não vive uma inflação de demanda e que ela está recuando diante da queda nos preços das commodities. E a alta das taxas de juros? Ela ainda não teria tido impacto no mercado.
O momento, porém, não é para foguetório. Primeiro, a ordem do presidente é acabar com o clima de disputa pública entre Fazenda e BC. Segundo, ninguém ainda está totalmente tranquilo.
Afinal, tudo bem, o choque das commodities pode estar no fim. Mas essa boa notícia pode trazer outra ruim: uma alta na taxa de câmbio diante de uma queda nas exportações.
Daí o clima de apreensão. Se o dólar subir demais, vem aí mais pressão sobre os preços. Como o chefe Lula não quer brincar com inflação, tome mais alta de juros.
Bem, mas esse não é o cenário de curto prazo -que tende a ser de inflação pelo menos estabilizada e desacelerando. Aí, Mantega sai das cordas, e quem vai para o canto do ringue é o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Se foi poupado quando decidiu iniciar o movimento de alta dos juros, agora Meirelles voltará a ser o alvo das críticas se mantiver a dose cavalar de juros.
Nada como um dia após o outro.


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