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SERGIO COSTA
Cabeça de papel
RIO DE JANEIRO - Há cerca de
um mês, ao pedir pela enésima vez
o Exército no Rio, o governador
Sérgio Cabral, comandante das forças de segurança do Estado, foi rápido ao tirar a carapuça da violência
e passá-la ao comandante militar
do Leste, Luiz Cesário da Silveira:
"Aqui no Rio há um certo ruído
de convivência, diria francamente,
com o comando do Exército local.
Mas isso é um detalhe. (...) O detalhe de o Comando Militar do Leste
estar na mão de um general que não
é muito proativo não compromete.
Para o comando dessa operação virão outros oficiais das Forças Armadas", disse em 15 de agosto.
O general sempre foi refratário a
botar tropa na rua para fazer "marcha-soldado" no papel de polícia.
Coincidência ou não, viajou e estará
longe do Rio hoje, início da operação em que militares, traficantes e
milicianos devem brincar de esconde-esconde até a eleição.
Em julho, após uma reunião com
o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o presidente do
TRE, Roberto Wider, declarou não
haver crise no processo eleitoral e
descartou a convocação do Exército: "Não podemos permitir que isso
seja objeto de especulações políticas. Nesse momento, muitas pessoas têm vontade de aproveitar e fazer certa pirotecnia em relação a esse tema. Nós não vamos permitir",
disse Wider em 29 de julho.
Pirotecnia ou não, as Forças Armadas começam hoje a fazer operações em algumas favelas. Wider, a
exemplo do general, também viajou
e -coincidência- estará fora do
Rio na abertura do show.
É difícil medir conseqüências
dessas ausências agora, mas desta
vez Cabral está aqui e deve declarar,
cenho franzido, a eleitores assustados que gostaria do Exército nas
ruas sempre. Cenário montado, é
bem capaz de arrumar uma viagenzinha também. De preferência a Paris, sua cidade favorita.
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