São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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SERGIO COSTA

Cabeça de papel

RIO DE JANEIRO - Há cerca de um mês, ao pedir pela enésima vez o Exército no Rio, o governador Sérgio Cabral, comandante das forças de segurança do Estado, foi rápido ao tirar a carapuça da violência e passá-la ao comandante militar do Leste, Luiz Cesário da Silveira:
"Aqui no Rio há um certo ruído de convivência, diria francamente, com o comando do Exército local. Mas isso é um detalhe. (...) O detalhe de o Comando Militar do Leste estar na mão de um general que não é muito proativo não compromete. Para o comando dessa operação virão outros oficiais das Forças Armadas", disse em 15 de agosto.
O general sempre foi refratário a botar tropa na rua para fazer "marcha-soldado" no papel de polícia. Coincidência ou não, viajou e estará longe do Rio hoje, início da operação em que militares, traficantes e milicianos devem brincar de esconde-esconde até a eleição.
Em julho, após uma reunião com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o presidente do TRE, Roberto Wider, declarou não haver crise no processo eleitoral e descartou a convocação do Exército: "Não podemos permitir que isso seja objeto de especulações políticas. Nesse momento, muitas pessoas têm vontade de aproveitar e fazer certa pirotecnia em relação a esse tema. Nós não vamos permitir", disse Wider em 29 de julho.
Pirotecnia ou não, as Forças Armadas começam hoje a fazer operações em algumas favelas. Wider, a exemplo do general, também viajou e -coincidência- estará fora do Rio na abertura do show.
É difícil medir conseqüências dessas ausências agora, mas desta vez Cabral está aqui e deve declarar, cenho franzido, a eleitores assustados que gostaria do Exército nas ruas sempre. Cenário montado, é bem capaz de arrumar uma viagenzinha também. De preferência a Paris, sua cidade favorita.


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