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GABRIELA WOLTHERS
Fiscalização estratégica
RIO DE JANEIRO - Mal começou seu mandato como governadora do Rio
de Janeiro, Rosinha Garotinho já
sente o peso da herança da gestão de
seu marido, Anthony Garotinho.
A divulgação de que funcionários
da Receita Federal e do governo do
Rio de Janeiro depositaram US$ 33,4
milhões em contas na Suíça não só é
um caso chocante de corrupção como
coloca em xeque toda a fiscalização
de empresas no Estado.
Um dos principais acusados não é
um funcionário qualquer. Rodrigo
Silveirinha Corrêa foi subsecretário
de Administração Tributária da Secretaria de Fazenda na gestão de Garotinho. Comandava a Inspetoria de
Contribuintes de Grande Porte, responsável pela fiscalização das 400
maiores empresas do Rio. Essas empresas são responsáveis por 75% da
arrecadação de ICMS do Estado
-recursos que somam cerca de R$
600 milhões por mês.
Mas ele conseguiu também a confiança de Rosinha. Na campanha da
atual governadora, cumpriu a função de assessor econômico. Eleita, ela
o nomeou presidente do Conselho de
Desenvolvimento Industrial do Estado, responsável exatamente por ajudar empresas que queiram se expandir ou se estabelecer no Estado.
Somente Silveirinha e três outros
funcionários do Estado são acusados
de remeter ilegalmente para o exterior US$ 30,2 milhões. Isso dá a inacreditável soma de cerca de R$ 100
milhões no câmbio atual.
A suspeita da Polícia Federal é de
que o dinheiro tenha sido obtido com
a extorsão de empresas que deviam
ao fisco. Se apenas quatro funcionários são capazes de captar pelo menos
R$ 100 milhões (essa é somente a parte do dinheiro já rastreada na Suíça),
não é exagero supor que exista uma
máfia em operação no Estado.
Não há provas nem indícios de que
Garotinho ou Rosinha tinham conhecimento ou participação nas irregularidades. Mas os dois devem explicações de como alguém numa posição tão estratégica atuou tantos
anos sem ser incomodado.
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