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VALDO CRUZ
Quando julho chegar
BRASÍLIA - Não se concretizou o so
nho dos tucanos. As turbulências,
que imaginavam contidas, continuam. E não apenas por conta de novas denúncias que surgiram mas
também pela insatisfação que o candidato José Serra anda provocando.
Seu desempenho no debate dos presidenciáveis promovido pela CNI
(Confederação Nacional da Indústria) é um exemplo. Ao final, vários
empresários fizeram elogios a Lula e
mostraram, reservadamente, certa
decepção com José Serra.
Alguns comentários colhidos na
platéia: Serra não empolgou; perdeu
tempo demais falando do seu passado para um público que o conhece
bem; foi superficial ao traçar seus
planos de governo.
Em resumo, perdeu uma boa oportunidade de mostrar que realmente
tem mais qualidades técnicas do que
seus adversários. Já Lula conseguiu
passar seu recado de moderação.
Tudo bem, como disse um empresário, que 99,9% dos presentes vão votar no tucano. Mas a conclusão foi a
de que, se aquilo for o retrato da campanha, a preocupação é grande.
O receio é que a campanha petista
deste ano volte a empolgar como em
89, tomando conta das ruas. O programa de TV de Lula, apresentado
na noite do debate da CNI, foi um sinal do que vem por aí.
Em 89, é bom lembrar, Lula enfrentou Collor, um candidato carismático. Agora, seu principal oponente pode ser Serra, que continua padecendo
da falta de empatia com o público.
As turbulências no PSDB não preocupam apenas empresários e tucanos. Os petistas também se mostram
receosos. Eles saboreiam a crise na
candidatura serrista, mas não querem ajudar a dizimá-la.
Afinal, Serra é visto no PT como o
melhor adversário a ser enfrentado.
Sem ele, há o risco de um novo nome,
tipo Aécio Neves, unir mais uma vez
os antigos aliados de FHC.
Em meio a tanta crise, um governista mostra calma e diz: quando julho chegar, e FHC entrar de fato na
campanha, tudo mudará. A ordem é
sobreviver até lá.
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