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ELIANE CANTANHÊDE
"Fiat Lux"
CARACARAÍ (RR) - O ministro
da Defesa se chama Nelson Jobim,
mas quem tinha uma agenda -e
que agenda!- para os militares era
o ministro da Justiça, Tarso Genro.
São quatro itens: revisão da Lei
de Anistia para pôr torturadores no
banco dos réus; abertura dos documentos do regime militar; entrega
dos restos mortais dos desaparecidos do Araguaia e, enfim, o caso do
coronel da reserva Carlos Alberto
Brilhante Ustra -que acaba de ser
homenageado por seus pares.
Entre Jobim, que não acha oportuno nem construtivo, e Tarso, que
queria porque queria remexer tudo
isso, o presidente enquadrou Tarso
ontem e tem boa chance para se
manifestar hoje, na entrega de espada dos novos generais, no Planalto. Estarão lá os comandantes do
Exército, Enzo Peri, da Aeronáutica, Juniti Saito, e da Marinha, Júlio
de Moura Neto, todos na linha moderada e do deixa-disso.
O general Enzo diz que seria "o
primeiro interessado" em entregar
os documentos e os restos mortais
do Araguaia às famílias, mas encontra obstáculos práticos: não há documentos nem vestígio dos corpos
na mata, décadas depois.
"Se eu pudesse, diria "fiat lux" e
entregava tudo isso. Mas eu simplesmente não tenho o que entregar, nem posso inventar", tem comentado informalmente.
Quanto à Lei da Anistia, Enzo,
Saito e Moura Neto pensam como
as tropas que comandam e como o
ministro a quem batem continência: isso é coisa do passado, que não
constrói o futuro. A lei valeu, vale e
valerá para todos, segundo eles.
Ontem, Jobim desfilou por Amazonas e Roraima em uniforme de
campanha, igual ao dos comandantes, e deu mais um passo contra a
revisão da Lei de Anistia. Antes, dizia que era coisa para o Judiciário.
Agora, diz que mesmo aí há problemas, porque a tortura foi no regime
militar, que acabou em 1985, e a tortura só se tornou imprescritível a
partir da Constituição de 1988. Ou
seja: a lei assim está, assim deve ficar. Com a palavra, Lula.
elianec@uol.com.br
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