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CLÓVIS ROSSI
Agora, a lógica é a aposta
SÃO PAULO - Na terça-feira, no primeiro texto publicado neste espaço
depois do primeiro turno, ficou registrado que, pela lógica, Luiz Inácio
Lula da Silva já era o presidente eleito da República.
Com a ressalva, inevitável, de que
lógica e América Latina nem sempre
(ou raramente) andam juntas.
A pesquisa Datafolha que este jornal publica hoje demonstra que a ressalva tinha razão de ser, mas não no
sentido previsto.
A lógica indicaria que a distância
de 23 pontos percentuais que separou
Lula de Serra diminuiria pela simples e boa razão de que o balaio de
votos do petista já havia sido tão fornido que parecia pouco razoável esperar muitos mais.
Já Serra obtivera tão pouco que, pela lógica, deveria ter mais espaço para crescimento.
Não foi o que aconteceu. Aumentou, em vez de diminuir, a distância
entre Lula e Serra. Se, ao terminar o
primeiro turno, Serra precisaria ganhar 1 milhão de votos ao dia, grosso
modo, para empatar com Lula ao final da corrida, o que dizer agora?
Se o tucano virar o jogo, entrará para os anais da história político/eleitoral como o maior fenômeno de todos
os tempos.
Na sexta-feira, falei com um amigo
tucano que está vivendo no exterior.
Perguntou assim das perspectivas para o segundo turno: "Vai dar a lógica
ou ainda é possível um cenário García Márquez?".
Agora, só mesmo um golpe do realismo mágico em que se especializaram García Márquez e outros notáveis escritores latino-americanos fará
de Serra o presidente.
É verdade que o horário eleitoral
na TV nem começou, o que quer dizer que sempre posso queimar a língua. Mas, insisto, pela lógica, Luiz
Inácio Lula da Silva receberá a faixa
de Fernando Henrique.
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