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ELIANE CANTANHÊDE
O vermelho e o azul
BRASÍLIA - No saldo da semana entre o primeiro turno e o reinício da
propaganda eleitoral gratuita na TV,
amanhã, uma coisa é certa: a onda
vermelha continua forte, e a azul e
amarela não parece ameaçar.
O PT conseguiu com razoável sucesso reunir as oposições em torno de
Lula. Estão lá as fotos para comprovar que Ciro, Garotinho, PDT, PPS e
PSB fecharam com o petista.
De quebra, o PT tampou o nariz e
colheu todos os "vermelhos de raiva"
-ACM, os Sarney, o PMDB de Newtão Cardoso, o PTB que foi governo
durante sete anos e oposição, de fato,
no ano da campanha.
Já FHC e José Serra deram um duro
danado, acionando líderes, governadores, partidos, mas nem por isso
conseguiram reunir todos os cacos da
velha aliança governista para sustentar a candidatura tucana.
Aliás, nem mesmo obtiveram um
compromisso firme dos tucanos "dissidentes" Aécio Neves e Tasso Jereissati. Os dois mantêm-se com o PSDB,
mas não exatamente com Serra.
O PFL apóia, mas sem se matar. O
PMDB, como um queijo suíço. O
PPB, sem os caciques Maluf e Delfim
Netto. A mais importante manifestação pró-Serra não foi partidária. Foi
da Convenção Nacional das Assembléias de Deus. Essa tem peso, "capilaridade" (como dizem os tucanos) e
o principal: votos.
O resultado do Datafolha de hoje
não só é fortemente a favor de Lula
(58 a 32) como é melhor do que a última projeção de segundo turno feita
ainda no primeiro (55 a 37). Lula
melhorou, Serra piorou.
Para reverter a tendência, Serra
tem de correr contra o tempo. Perdeu
para Lula em todos os Estados, exceto
AL, e surpreendeu em poucos, como
RS. Tem de investir, curiosamente,
onde o PT é governo, como a capital
de São Paulo, RJ, MS e o próprio RS. E
onde houve uma certa onda tucana
(MG e SP).
Com aliados como esses, Serra precisa muito de FHC. O presidente, porém, sabe que a batalha é inglória.
Ajuda como pode, mas mantendo
uma providencial ponte com o PT e
com Lula. Ou com o futuro.
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