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CARLOS HEITOR CONY
Pesquisando as pesquisas
RIO DE JANEIRO - Falaram, falam e continuarão falando horrores das
pesquisas. Quem as inventou? Para
quê? Em época eleitoral, elas influenciam os indecisos? Em suma: elas são
um bem ou um mal?
Honestamente, não tenho opinião
firmada e formada sobre nenhum assunto. Como aquele português que
comprou um relógio de ouro e depois
ficou sabendo que não era de ouro,
sou uma espécie de relógio de português, às vezes sendo isso ou aquilo,
pensando assim ou assado.
Contudo, reconheço que as pesquisas tiveram berço nobre. Parece que
Cristo foi o primeiro a fazê-la sobre si
mesmo, e São Pedro foi o primeiro a
dela se beneficiar.
Narram os Evangelhos que Jesus
perguntou a seus discípulos: ""O que
pensam os homens a respeito de
mim?". Variaram as respostas. Uns
pensavam que ele fosse a reencarnação de Elias ou de Isaías, outros, que
era um profeta importante, e outros
ainda não pensavam nada -sempre
houve gente em cima do muro.
Meio chateado, Jesus perguntou
novamente: ""E vocês? O que pensam
de mim?". Foi então que Pedro, o
mais afoito e afobado de todos, tornou-se o primeiro papa da história.
Adiantou-se e proclamou: ""Tu és o
Cristo, filho do Deus Vivo!".
Conhecemos a resposta de Jesus: ""E
tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja". Segundo me ensinaram, o trocadilho foi perfeito, pois
na língua que Cristo falava, Pedro e
pedra eram a mesma coisa, tal como
o Serra candidato e a serra de serrar
qualquer coisa.
Verdade seja dita que as pesquisas
saíram de moda durante muito tempo. Reis, tiranos, ditadores, caudilhos
e assemelhados nunca se preocuparam em saber o que os outros pensavam deles. Eram assim e pronto. ""O
Estado sou eu", disse um deles.
Não faz muito tempo, caí na asneira de fazer uma pesquisa sobre determinado assunto. Fiquei sabendo que
37% eram isso, 46% eram aquilo e
17% não eram isso nem aquilo.
Em sinal de protesto, fiquei na minha. E não farei pesquisa alguma para saber se fiquei certo.
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