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ELIANE CANTANHÊDE
Cadáveres insepultos
BRASÍLIA - Depois de Dirceu, quem cai na rede de suspeitas e intrigas é
Palocci. E não mais por causa da política econômica, mas por relações
perigosas com um sujeito suspeito,
envolvido em negócios do governo.
Gente, a coisa estava preta, mas está
ficando pretíssima.
Waldomiro Diniz fazia negociatas
até com bicheiros e foi trabalhar no
Planalto com Dirceu, o homem forte
da política no governo Lula. E agora
surge Rogério Buratti, que foi afastado pelo então prefeito Palocci em Ribeirão Preto por estar metido em coisas esquisitas, mas foi trabalhar numa empresa que tem contratos com a
prefeitura e supostamente se aliou a
Waldomiro em negócios com o governo Lula -no qual o mesmo Palocci que o afastou é homem forte da
economia. Dá para entender?
É como se você flagrasse um empregado roubando e o afastasse formalmente, mas no dia seguinte ele voltasse como diarista terceirizado e fosse prestar serviços, primeiro para seus
familiares e amigos e depois na casa
da sua mãe. Palocci precisa agir rápido. Bloquear as suspeitas. Mostrar
quais as suas relações com o cara e
por que ele ressurgiu das cinzas.
Dado fundamental: Buratti saiu da
prefeitura e foi para o grupo Leão &
Leão, que também atua na área do
lixo! Fecha-se o cerco. Os escândalos
atingem agora não só um, mas os
dois braços do presidente da República, o direito e o esquerdo. E Waldomiro foi flagrado com jogo, Buratti se
envolveu com lixo. Só falta alguém ligado a transportes para concluir a
trilogia maldita que se atribui ao PT.
A base do governo está ferida. Os
envolvidos ficaram em pânico. Brasília parece perplexa. E estamos todos
sem resposta para a seguinte pergunta: e agora?
É com enorme tristeza que constato: antes o governo do PT estivesse se
esfarelando só por incompetência.
Mas por escândalos?! Dói. No nosso
imaginário, o bem sempre vence o
mal. Mas a esquerda no poder precisa rapidamente reagir e impedir a
volta da principal maldição da política brasileira: o "rouba, mas faz".
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