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MAIS ESCOLA
Merece todo apoio a proposta do Ministério da Educação
(MEC) de ampliar a permanência
dos jovens na escola. O primeiro passo seria aumentar de oito para nove
anos a duração do ensino fundamental. A idéia é incorporar a pré-escola ao ciclo básico, fazendo com
que as crianças comecem a ser alfabetizadas aos seis, e não mais aos sete anos. Esse princípio, aliás, já consta da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que foi aprovada em 1996.
Se implementada, a iniciativa representará, antes de mais nada, um
ato de justiça social. É que os filhos
das classes média e alta, que frequentam instituições particulares, normalmente já começam o processo de
alfabetização -ou pelo menos a
pré-alfabetização- aos cinco ou seis
anos, na pré-escola. As crianças pobres, por sua vez, que já se ressentem
da falta de estímulos intelectuais em
casa, ainda carregam o ônus adicional de entrar em contato mais tardio
com a palavra escrita.
É evidente que a inclusão de um
ano extra no ensino fundamental terá um custo. O próprio MEC calcula
que será preciso ampliar os recursos
do Fundef (Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental) em
R$ 2,6 bilhões, incluindo repasses de
municípios, de Estados e da União. É
uma soma bastante considerável,
mas poucos vão discordar de que os
problemas educacionais merecem
toda a atenção.
Outras dificuldades para a adoção
do ciclo de nove anos incluem a falta
de professores e a inexistência de
uma estrutura específica para atender às crianças mais jovens. Do ponto de vista pedagógico, não é recomendável colocar na mesma sala de
aula um aluno com pouco menos de
seis anos e outro com sete. As capacidades intelectuais, motoras e emocionais dos dois estudantes são bastante diferenciadas.
Na outra ponta, o MEC pretende
tornar o ensino médio obrigatório e
também acrescentar-lhe um ano extra. O processo, aqui, seria paulatino. A partir de 2004, a primeira série
do médio se tornaria obrigatória, e o
poder público teria de oferecer vagas,
que hoje não existem, para todos os
jovens que terminassem a 8ª série.
Em 2006, o processo teria chegado à
terceira série. A partir de 2007, o
quarto ano seria oferecido, inicialmente em caráter optativo.
São enormes as dificuldades para a
consecução de ambos os projetos.
Mas obstáculos não podem e não devem servir para justificar o imobilismo. O esforço para levar o Brasil ao
seleto grupo de países desenvolvidos
passa necessariamente por maciços
investimentos em educação.
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