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VALDO CRUZ
Custo amargo
BRASÍLIA - Seria impossível sair da crise herdada do governo FHC sem
um custo. Agora, nossa tarefa é evitar
a recessão, estimulando a produção.
E as condições estão postas.
A análise acima é do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante,
sobre o atual momento do governo
Lula -atacado por adotar uma política monetária austera que está parando a economia do país.
Mercadante diz que os críticos não
reconhecem os feitos obtidos pelo PT.
Lista uma série deles. Superávit da
balança comercial em alta, redução
da dívida pública e do déficit nas
contas externas, controle da inflação.
"Recuperamos os instrumentos de
política econômica."
A chiadeira vinda do lado real da
economia indica, porém, que a dose
do ajuste foi excessiva. Isso, o senador
petista não comenta. Prefere dizer
que o custo não terá sido em vão.
Afirma, por exemplo, que já há um
consenso no governo de que as condições macroeconômicas permitem
uma queda segura dos juros. Como
só ela não irá reativar a economia, o
governo definiu uma série de ações
para "defender a produção".
Acelerar os gastos públicos -dentro das metas de superávit primário- principalmente em transportes,
saneamento, energia e área social.
Baixar medidas, nos próximos dias,
para reduzir os juros nos empréstimos dos bancos para empresas e pessoas físicas -o "spread" bancário.
Manter as exportações em alta,
com uma taxa de câmbio competitiva para os exportadores -o que está
sendo feito pelo BC ao não renovar
totalmente a dívida cambial.
Essa é a visão do governo, traduzida por um senador que até pouco
tempo atrás não poupava críticas aos
juros altos, mas hoje está mais sintonizado com o governo Lula.
Dará certo? O tempo dirá. Um detalhe: parte do que o senador lista já foi
prometido, mas ainda não saiu do
papel. Com a recessão batendo na
porta, está faltando um pouco de agilidade ao governo petista.
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