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CLÓVIS ROSSI
Ganharam. E agora?
SÃO PAULO - O BNDES convocou um seminário, para a quinta-feira
passada, destinado a discutir globalização e desenvolvimento. Eis o resumo de uma das sessões, no texto de
Mônica Magnavita, da "Gazeta Mercantil", jornal que não é exatamente
um porta-voz do PSTU:
"O modelo econômico adotado pelos países da América Latina nos
anos 90 aumentou a desigualdade
social no continente. O colapso da
Argentina é o melhor retrato do fracasso das políticas econômicas preconizadas pelo Consenso de Washington e defendidas pelos governos dos
países latinos. Na Argentina, 20 mil
pessoas ingressam na linha de pobreza por dia; 16,4 mil entram na faixa
de indigência a cada 24 horas. No
Brasil, o governo gasta em programas de segurança 10,3% do Produto
Interno Bruto por ano. Isso significa o
equivalente a um Chile por ano em
combate à violência. E os resultados
são pífios".
Parece resumo de debates habituais
no Fórum Social Mundial, em Porto
Alegre. É verdade que dele participou
Ignacio Ramonet, o editor do mensário "Le Monde Diplomatique", um
dos agitadores de Porto Alegre (no
bom sentido).
Mas os demais participantes eram
funcionários de organismos internacionais que nada têm de esquerdistas, entre eles Nancy Birdsall, uma
das maiores especialistas mundiais
no estudo da pobreza.
Talvez se possa dizer que a crítica
ao chamado Consenso de Washington (o receituário neoliberal que se
tornou hegemônico) está ganhando o
debate intelectual.
Tanto é assim que não há um só
candidato à mais importante eleição
do mundo em desenvolvimento (a do
Brasil) que seja visto como representante de fato fidedigno do Consenso
de Washington.
O diabo é que ganhar, pela crítica, o
debate intelectual não resolve. Falta
definir o que pôr no lugar ou como
reformar as reformas liberais, muitas
das quais vieram para ficar.
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