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CLÓVIS ROSSI
De minas e de idéias
SÃO PAULO - Mesmo entre gente do PT muito próxima do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, admite-se que haja um certo caráter defensivo nos nomes e nas ações até agora
adotadas na área econômica.
Objetivo: "Eliminar uma série de
minas que estavam no caminho",
diz, por exemplo, o historiador Marco Aurélio Garcia, secretário de Cultura da prefeitura paulistana até o
dia 31 e, a partir daí, assessor internacional de Lula, com gabinete no
Palácio do Planalto.
Marco Aurélio vai além: brinca que
o futuro governo está "dormindo
com o inimigo", mas minimiza a hipótese de uma gestão FHC-bis.
"Não existe esse risco, por causa da
direção política geral e da nossa base
social", jura.
Para que a tal "direção política geral" imponha, de fato, um novo rumo
vai ser preciso, no entanto, que a esquerda (admitindo-se que o PT continue sendo de esquerda) faça o que
deveria ter feito desde que o Muro de
Berlim desabou sobre a cabeça dela,
há 13 anos.
"É preciso que a esquerda faça uma
reflexão mesmo tendo perdido seus
dois paradigmas, o comunismo e a
social-democracia", diz.
Como não dá para parar o mundo,
o governo do PT terá de trocar o pneu
com o carro em movimento. Ou, como prefere Marco Aurélio: "Se o governo Lula não for, além de um governo de ação, um governo de idéias,
terá fracassado".
É óbvio que Marco Aurélio aposta
que aparecerão as idéias e as ações.
Se não, não aceitaria emprego em
pleno Palácio do Planalto.
Mas, até agora, a agenda do novo
governo ficou dominada pelas idéias
e ações velhas (eliminar as "minas"
colocadas pelo mercado). Resta saber
se novas "minas" não surgirão e não
matarão as idéias que ainda nem sequer amadureceram.
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