|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A AMÉRICA E O MUNDO
O governo norte-americano
está, com razão, preocupado
com o aumento do sentimento anti-Estados Unidos no mundo. Reportagem publicada no jornal "The Washington Post" revelou que embaixadas norte-americanas em todo o planeta estão enviando relatórios ao Departamento de Estado em que alertam para esse crescimento.
O fenômeno é real e tem sua origem na posição belicosa que a Casa
Branca vem assumindo em relação
ao Iraque. Não se trata necessariamente de um antiamericanismo inconsequente, que rejeite tudo o que
vem dos Estados Unidos. É mais
adequado falar em sentimento de
oposição à atual política externa dos
EUA. E vale notar que um contingente não-desprezível dos próprios norte-americanos partilha dessa percepção e também faz duras críticas ao
governo de seu país.
Só isso já bastaria para enfraquecer
a simpatia mundial aos EUA diante
do Iraque, mas é preciso recordar
que existem ainda vários outros ingredientes a dificultar o marketing
de George W. Bush.
Há, em primeiro lugar, a sensação
generalizada de que a guerra, no caso, é injusta. A maior parte da opinião pública mundial está certa de
que, muito mais do que a segurança
global, os reais motivos para o conflito são o petróleo iraquiano e o desejo da Casa Branca de exercer sua
hegemonia militar, para não mencionar o ódio pessoal de Bush pelo
ditador iraquiano Saddam Hussein.
Mas não é só. O próprio histórico
unilateralista de George W. Bush, o
homem que rejeitou o Protocolo de
Kyoto (acordo internacional para
tentar o controlar as consequências
do efeito estufa), o torna uma figura
antipática mundo afora, principalmente para os setores com posições
políticas mais à esquerda.
Seja como for, o aumento do antiamericanismo é um fator com o qual
o governo dos EUA e seu corpo diplomático terão de lidar. Na maioria
dos países, esse deverá ser um fenômeno passageiro, que refluirá tão logo a crise iraquiana esteja resolvida.
Em algumas outras nações, contudo, a sensação de que Washington
exerce um imperialismo que precisa
ser combatido poderá ajudar a criar
os terroristas de amanhã. Esse é um
dos grandes riscos da intransigência
de George W. Bush.
Texto Anterior: Editoriais: VOLUNTARISMO Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Os sem-projeto Índice
|