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CLÓVIS ROSSI
Duda ama Serra
SÃO PAULO - Longa vida a José Serra. Se o leitor parar para pensar e tentar
enxergar além da bruma, verá que
esse é, no fundo, o novo slogan de Duda Mendonça para a campanha de
Marta Suplicy. Absurdo?
Nem tanto. Veja que:
1 - Pelo menos no momento, o foco
do PT não é mais dizer que Serra seria um desastre para São Paulo.
2 - O desastre só viria se Serra renunciasse ou morresse, caso em que
assumiria Celso Pitta, pela interposta
pessoa de Gilberto Kassab, o vice de
Serra.
3 - Logo, longa vida a Serra.
É o que dá perder o discurso e a
mão política e conferir ao marketing
o papel central.
O problema da aliança Serra/Kassab de fato existe. Quem pretende fazer uma boa gestão não chama para
viajar junto alguém que participou
da mais desastrosa administração da
história recente e não tão recente da
cidade, ainda mais se essa pessoa está
também sob investigação por aumento do patrimônio.
Mas o PT perdeu o direito moral de
condenar esse tipo de alianças nos
adversários. A cronologia recente é
devastadora para o partido de Marta: na mesma noite em que ela iniciava a operação "delenda Kassab", o
chefe de seu partido, presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, jantava com
ninguém menos do que Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB.
Lembra-se? Foi um dos grandes comandantes da tropa de choque de
Fernando Collor, o mais desastroso
presidente da história republicana, o
único devidamente condenado, justamente por falta de decoro.
No dia seguinte ao debate, quem
declarava apoio a Marta? Paulo Maluf, sim, ele mesmo, o criador e avalista da candidatura Celso Pitta. Sim,
ele mesmo, o "nefasto", segundo a expressão usada por Marta.
Se o problema é a salada partidário-ideológica, a única propaganda
válida é aquela do PSTU, o partido
trotskista, quase testemunhal, que
mistura todo mundo no mesmo saco
-menos eles, claro.
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