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CLÓVIS ROSSI
Lula, a velha novidade
SÃO PAULO - A nova pesquisa Datafolha, que este jornal publica hoje,
traz a mais velha das novidades: Luiz
Inácio Lula da Silva.
O candidato do PT subiu quatro
pontos -foi para 37%- e abriu dez
pontos de vantagem sobre Ciro Gomes, o dobro da diferença registrada
na pesquisa anterior.
Todas as especulações da semana e
até uma certa lógica, até onde pode
haver lógica em eleições, diziam ora
que Ciro continuaria com sua aparentemente irresistível ascensão ao
topo, ora que José Serra se aproximaria algo de Ciro.
Não se deram nem a primeira nem
a segunda hipótese. É verdade que
não seria correto dizer que Ciro parou de subir. Falta uma, digamos, série histórica mais ampla para fazer
tal afirmação com segurança.
De todo modo, o ímpeto do candidato do PPS parece agora menos impressionante.
No caso de Serra, um novo recuo joga-o para o empate técnico (e quase
numérico também) com Anthony
Garotinho, ambos muito longe dos
dois ponteiros.
Estaria, pois, cristalizada a polarização Lula/Ciro? Parte importante
dos apoiadores de Serra diz que sim
-claro que apenas em conversas informais. A lógica informa que, ao
menos no cenário econômico, dificilmente surgirá alguma boa notícia
para alavancar a candidatura governista. Resta-lhe, então, a TV.
No mais, parece cada vez mais improvável tirar Lula do segundo turno,
uma hipótese que chegou a ser aventada por João Herrmann Neto, um
dos lugar-tenentes de Ciro, quando
seu candidato começou a subir.
Em nenhuma das três eleições anteriores que disputou, Lula entrou na
reta final com uma posição tão sólida. E o segundo turno promete reeditar 1989: dois candidatos fortemente
críticos do governo de turno, ainda
que Lula se mostre mais e mais cauteloso na linguagem.
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