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CARLOS HEITOR CONY
Soberania ameaçada
RIO DE JANEIRO - Passou despercebido um documento elaborado em
Brasília por políticos e cientistas sociais sobre os riscos que o país enfrentará se, nos próximos 20 anos, não
elevarmos a nossa taxa de crescimento. Apartidário, desprezando o curto
prazo e pensando grande, o relatório
teve a participação de congressistas
de vários partidos e de personalidades do mundo acadêmico.
Serão cinco mandatos presidenciais
sucessivos, a começar pelo próximo.
As metas a atingir parecem mirabolantes, mas tudo o que deu certo ao
longo da história foi mirabolante. A
mediocridade até agora só produziu
miséria.
São 15 as metas propostas, metade
das que foram prometidas e cumpridas por JK. Crescimento na faixa dos
7%, salário mínimo na base de US$
400, redução do desemprego para um
quarto do atual e diminuição dos homicídios em 80%. Se em 20 anos não
atingirmos um patamar próximo às
metas propostas, diz o documento
que, na economia globalizada de
2022, quando estaremos comemorando o segundo centenário de nossa
independência, retornaremos à condição de colônia, assumiremos de cabeça baixa e bolso vazio a perda até
mesmo da liberdade política.
Na comissão que elaborou o documento, há os nomes de Jefferson Peres
(PDT-AM), Rita Camata (PMDB-ES), Yeda Crusius (PSDB-RS) e Aloizio Mercadante (PT-SP). Como se vê,
gente de vários partidos.
E, entre os cientistas políticos, Hélio
Jaguaribe, que há anos sustenta uma
previsão lógica: "Se o Brasil continuar com esse crescimento pífio dos
últimos anos, em 20 anos a moeda será o dólar e seremos uma província
dos Estados Unidos".
Na realidade, o documento não
traz novidade nenhuma. Não é necessário ser cientista político nem
congressista para fazer um prognóstico sombrio para o longo prazo quando, no curto prazo, atravessamos
uma crise que nem o dinheiro do FMI
poderá superar.
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