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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Farsa de elite
SÃO PAULO - De Sérgio Cabral, o
capitão Nascimento poderia dizer
que é um fanfarrão.
O pedido do governador para que
tropas federais venham atuar "o
mais breve possível" na cidade do
Rio durante o período eleitoral consagra uma política de segurança midiática com resultados desastrosos.
No ofício que enviou ao TSE, o
governador diz que "Exército, Marinha, Aeronáutica, o que vier será
bem-vindo". E acrescentou que seria "um belo presente" se ficassem
na cidade após a campanha.
Entenda-se: Cabral viu na eleição
uma brecha para fazer do Rio a capital do estado de emergência permanente. A sugestão de uma operação de guerra sem prazo de validade
é oportunista e demagógica. Não visa proteger a população favelada de
criminosos, mas oferecer às elites
amedrontadas alguma sensação de
segurança -ilusória, é claro.
O que fariam no Rio milhares de
militares, durante semanas até as
eleições? Ninguém sabe. Devemos
imaginá-los espalhados pela cidade,
como espantalhos verde-oliva a
serviço da demofobia que se disseminou pela zona sul?
Ou pretendem que o Exército,
sem nenhum treinamento para isso, assuma as funções da polícia e
escale o morro para enfrentar o tráfico e as milícias nos locais indicados pela Justiça Eleitoral?
Não espantaria, nessa escalada de
efeitos especiais, se o governador
pedisse a Lula que as Forças Armadas esticassem até fevereiro para
viver sua apoteose na Sapucaí.
Na melhor hipótese, a encenação
de Cabral servirá para militarizar a
eleição e desmoralizar o Exército.
Na pior, estará patrocinando tragédias, como a que se viu há pouco no
morro da Providência.
O governador do Rio é um vassalo
da mídia hegemônica do seu Estado. Nem ele faz mais questão de disfarçar que subordinou seu governo
à pauta das Organizações Globo.
Cabral atua como um chefe de província. É simples assim.
Não há então com que se preocupar. A participação do Exército na
eleição do Rio tem tudo a ver.
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