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Prêmio ao imobilismo
É DIFÍCIL desvincular do calendário eleitoral a decisão
do prefeito de São Paulo,
Gilberto Kassab (DEM), de ampliar o bilhete único. Kassab, afinal, apesar da ampla exposição
assegurada pelo cargo, não sai do
terceiro lugar nas pesquisas que
medem a intenção de voto do
paulistano para a sucessão no
Executivo municipal.
A dilatação de duas para três
horas do período em que passageiros podem viajar nos ônibus
pagando um só bilhete pode ajudá-lo a subir preciosos pontos
nas sondagens, consolidando assim sua candidatura.
Tal política, é claro, implica
custos para os cofres municipais.
O subsídio que a prefeitura dá ao
sistema público de transporte,
que já vinha subindo ao longo
dos últimos meses, principalmente por conta da decisão do
alcaide de não reajustar as tarifas
neste ano, deverá crescer ainda
mais. Ressalte-se que Kassab
não é o único administrador a
agir desse modo. Neste século,
nenhum prefeito jamais aumentou o ônibus no período que antecede o pleito local.
O problema tampouco está em
aportar mais recursos ao transporte público. As grandes metrópoles do mundo o fazem. A principal crítica é que, em vez de investir em medidas que aumentem a fluidez do tráfego de ônibus, Kassab se conforma com o imobilismo e paga para as pessoas passarem mais tempo num
coletivo. Sob essa perspectiva,
faria mais sentido investir em
novos corredores de ônibus.
Nesse ponto a política de Kassab emerge contraditória. Diante
da resistência de moradores e
comerciantes, o prefeito desistiu
de construir vários corredores.
Nos últimos anos, a municipalidade restringiu as ações nessa
área à continuação do Fura-Fila
e ao corredor da Celso Garcia.
É legítimo que o prefeito invista mais no transporte coletivo e
razoável que o faça também em
ano eleitoral. Mas é preciso optar
pelas medidas mais eficientes.
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