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VINICIUS MOTA
O terceiro mandato já começou
SÃO PAULO - O lulismo continuará no poder em 2011, não importa o
vencedor das eleições presidenciais
do ano anterior. Quem busca elucidar esse enigma nas movimentações de granadeiros petistas de baixa patente, como o folclórico deputado Devanir Ribeiro, erra o alvo.
A resposta está diante dos olhos,
em operações como a compra da
Brasil Telecom pela Oi, financiada e
permitida por um mutirão governista capitaneado pelo Planalto.
Com R$ 4,3 bilhões do Banco do
Brasil e R$ 2,6 bilhões do BNDES,
mais da metade da necessidade de
capital para a transação será garantida pela gestão Lula. O governo
também entra com mão-de-obra
normativa -vai mudar o decreto
que impede fusões- e a boa vontade de acionistas como fundos de
pensão e, de novo, o BNDES.
Tanto empenho há de ser recompensado. A influência, no "big business" telefônico, de diversos núcleos políticos e quadros partidários hoje no governo vai perdurar
por longos anos. Na dúvida, consultem-se diretorias e conselhos administrativos e fiscais de grandes empresas beneficiárias das privatizações, da política de juros ou da normatização ("regulação") dos anos
FHC. Muitos fernandistas estão firmes em seu quarto mandato.
A queda de Palocci, adepto das relações preferenciais com os bancos,
coincidiu com uma mudança de estilo do governo Lula nesse quesito.
O apetite para intervir em grandes
negócios público-privados deu um
salto sob Dilma Rousseff, mãe do
PAC e musa dos empreiteiros.
O governo patrocina a reorganização do capital na telefonia, na petroquímica e em outros setores da
economia, aprofundando e estendendo no tempo a confluência estatal, sindical e partidária no mundo
dos negócios. A simbiose crescente
entre principais partidos, sindicatos e empresas do país, sob fiança
do erário, é a principal ameaça à capacidade do Estado de arbitrar conflitos a favor do interesse público.
vinimota@folhasp.com.br
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